Blog da Perestroika

quarta-feira, 30 de abril de 2008

A lenda do sapo cor de rosa.

Não sei bem onde surgiu, mas de tempos em tempos ele aparece nas agências


SAPO COR-DE-ROSA

O diretor de arte chegou às 10h30min. óculos escuros, cabelo
molhado. A menina do atendimento, desesperada, já estava na criação cobrando os anúncios.
- Pelo amor de Deus! O cliente viaja hoje a  tarde e quer ver os
layouts pra poder mostrar para o diretor internacional que vai ter uma reunião
com a coordenação da américa latina e eu vou me ferrar porque todo mundo tira o corpo fora!

O diretor de arte não tinha ainda achado "aquela sacada gráfica, entende?"
- Pelo amor de Deus! Pelo amor de Deus! Pelo amor de Deus!

Sem tirar os óculos nem dizer palavra, o diretor de arte senta na frente do
computador, pensando: "Que saco, só um mês de prazo, o redator fez os títulos
à duas semanas, assim não dá pra trabalhar."

Quinze minutos depois, os layouts estão saindo da impressora. O redator vê os anúncios
e comenta:

- Por que um sapo cor-de-rosa?
- Sei lá, é uma imagem bonita, instigante... - diz o jovem diretor de arte.
- Mas o anúncio é de eletrodoméstico. Que é que tem a ver?

O diretor de arte não queria entregar que não pensou em nada e que aquele sapo
era a única imagem que tinha no arquivo do computador, mas não deu tempo de
inventar uma justificativa.

- Daqui esse troço que eu tô com pressa.
No caminho do cliente, no carro, o diretor de atendimento vê pela primeira vez
os anúncios pra poder dizer na reunião que tinha acompanhado o processo
criativo todo, inclusive direcionado a criação para não perder o foco da
campanha e dar destaque ao sapo cor-de-rosa. Sapo cor-de-rosa?

- Que merda faz esse sapo cor-de-rosa aqui nesse anúncio!?
- Sei lá foi a criação que fez eu não sei de nada só cobrei os caras.
O diretor de atendimento não podia jogar fora o anúncio, era o único em que o
título fazia uma vaga mençãoo ao produto. Teve que pensar em uma saída.

Chegaram ao cliente, que era uma imensa multinacional. Estão na sala de reunião
com toda a equipe de marketing da empresa. O diretor de atendimento, uma velha
raposa, apresenta o layout do sapo rosa falando da necessidade de um property
para a marca e a importancia do impacto que a comunicaçao deve ter junto às
donas de casa, que uma imagem altamente diferenciada não permite a indiferença
do público alvo e que um sapo, com certeza, sensibiliza a donas de casa de
qualquer classe, e que o fato de ele ser rosa (uma cor altamente ligada ao
universo feminino) anularia toda a imagem negativa do sapo em questão. Seja o
que Deus quiser.
O diretor de marketing da multi ouviu tudo sem mudar a expressão de jogador de
poquer. Houve aquela pausa que prenuncia hecatombes.
- O que voces acham? - perguntou o chefão de marketing para seus comparsas.
As respostas vieram pela ordem crescente na hierarquia local:
- Um pouco estranho.
- Bem estranho.
- Estranho é apelido.
- É sem dúvida a coisa mais estranha do mundo.
- Uma merda.
- Eu até que gostei do sapo cor-de-rosa - disse o chefão de marketing.
As mudanças de opiniao seguiram a ordem decrescente.
- Uma merda que pode dar certo.
- Sem duvida é a coisa mais estranha do mundo é porque tem algo de
especial.
- Especial é apelido.
- Bem especial.
- Ainda acho um pouco estranho - disse o mais baixo na hierarquia que, por
manter sempre sua opiniao, foi despedido alguns meses depois.
No final, valeu democraticamente a lei do mais forte. E o diretor de
atendimento voltou para a agencia pensando porque raios o chefão do marketing
gostou do sapo cor-de-rosa.
"Será que a idéia é boa? Não, não, impossíel sair coisa boa da criação.
por que o chefão gostou? Na verdade eu é que sou um puta vendedor. Eu sou
foda."
Na verdade, o chefão de marketing não sabia porque raios tinha aprovado aquele
anúncio do sapo cor-de-rosa. Ele estava divagando sobre sua casa de campo,
pensando como era gostosa aquela menina da agencia que fala rápido, não prestou
muita atençao no que o cara da agencia falava. Mas, para falar tanto, ele devia
estar falando coisas importantes. Não pegava bem passar por ignorante na frente
de seus subalternos.
E agora o chefão de marketing está num avião, levando numa pasta branca de
papel-cartão um sapo cor-de-rosa, que deve ser apresentado para um chefe que é
mais chefe que ele.
"Vou ter que enrolar os gringos", pensou.
A reuniao com o pessoal da América Latina começou com um clima tenso. Nenhum dos diretores de marketing dos vários países onde a empresa atuava tinha um
trabalho decente para mostrar. Quando o diretor de marketing do Brasil mostrou
o anúncio do sapo cor-de-rosa foi um alívio geral. Todo mundo começou a apoiar
a idéia do brasileiro, pelo menos assim ninguém precisa justificar o próprio fracasso.

- Me gusta mucho el sapo rosado.
- Sin duda tenemos un simbol.
O coordenador de marketing para toda a América Latina, o big-boss de todo mundo
ali, não falava bem castelhano.
O big-boss dos cucarachas, como secretamente se autodenominava o coordenador de
marketing para toda a América Latina, telefonou para a matriz no dia seguinte
dizendo que havia unanimidade em torno de um conceito - desenvolvido pelo
marketing de Buenos Aires, ou serão de Caracas? I don't know, só sei que é de
um lugar do Brazil.
O anuncio do sapo cor-de-rosa e o big-boss dos cucarachas estavam a caminho da
matriz, em Atlanta.
O chefão estava tranquilo em relaçao ao sapo. Todos os diretores de marketing
da América Latina haviam feito reports provando a viabilidade da estranha
personagem anfíbia. Que os reports foram feitos para agradar a ele, o
big-boss, ninguém contou. Nos reports havia números, e números fazem até um
Sapo cor-de-rosa existir.
O coordenador de marketing para toda a América Latina entrou as 8h na sala do
seu chefe, que estava reunido com toda a presidência da grande empresa
multinacional de eletrodomésticos. Debaixo do braço, um sapo cor-de-rosa.

Reunião de portas fechadas.
Ás 8h05min a secretária escutou alguém gritar na sala:
- What hell is't?
Passaram-se seis meses. O diretor de arte chegou as 11h. Óculos escuros,
cabelo molhado. A menina do atendimento havia deixado um grosso fichario na
mesa da dupla de criaçãoo. Na capa do fichário lia-se: The Pink Frog.
No fichário havia todas as normas de utilizaçãoo do Pink Frog. O tipo de sapo
que deve ser utilizado, qual a tonalidade do cor-de-rosa, as melhores posições
em que deve ser fotografado, a proporção que deve ter o sapo, perdão, o Pink
Frog, em relação o ao formato do anuncio. Havia até a recomendaçao de que se
usassem sapos vivos e que se pintasse o sapo por computador para evitar
problemas com os ecologistas. O sapo foi completamente dissecado em duzentas páginas.
Por conta do sapo cor-de-rosa, muita gente foi promovida, tanto no cliente
quanto na agencia.
- Puxa que legal eu sempre quis ser diretora de contas e mandar nesses babacas!
Todo mundo se deu bem, menos o diretor de arte. Parece que o cliente pediu a cabeça
dele porque ele não seguiu as normas de aplicação do Pink Frog, e colocou em
risco a seriedade do marketing do cliente.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Next level.

Tem uns comerciais que não dá pra dizer nada. Tem que só admirar.

Esse aqui é dirigido pelo Guy Ritchie. Não deve ter saído barato, mas vale cada centavo do cachê do cara.

Sei lá, já falei muito.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Desventuras em Série

Alguém já viu este filme?
Se já viu, tomara que tenha esperado até o final. A melhor parte são os créditos finais.
Como na aula mostrei para vocês várias aberturas, agora vai um final com uma direção de arte tão legal que dá raiva.
Olhem sempre com o olho prestando atenção na profundidade, movimento de câmera e enquadramento.





Alguém lembra de algum comercial que tenha usado essa linguagem como referência?
Quem lembrar e mandar pra mim ganha um prêmio.
Se tiverem dificuldade, mando umas pistas depois.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Como é bom ter um blog.

Vamos manter o cinturão.

A gurizada da Perestroika é foda.

Já teve trabalho elogiado pelo MIT, o maior centro de criatividade e inovação do mundo.

Já teve aluno que começou a trabalhar diretamente com a Nike, com direito a reunião com os cabeções americanos em inglês.

E ano passado, teve o Rafael Troquini. Um cara inteligente, disciplinado e que, curiosamente, antes da Perestroika, não falava palavrão.

Ele foi o vencedor do concurso nacional VW Route. Ganhou, nada mais nada menos, que um carro zero Km.

Depois do carango, o Tronquini ganhou fama, mulheres e conheceu o castelo de Caras. E foi de lá que ele nos escreveu dando a dica:

"E aí, seus filhos da puta! Ó: o concurso cultural VW Route está começando na próxima semana. É foda, mas o prêmio é do caralho. Qualquer estudante universitário pode participar. Independente se estuda nessa ou naquela universidade. Manda um alô para aqueles putos da Perestroika. E manda esses cuzões participarem. Valeu?"

Valeu, Tronquini.

Agora é com vocês, galera. Temos que manter o cinturão.

Quer saber mais sobre o concurso? Clique aqui.

Adivinhem que dia é hoje?



É sexta-feira! Aproveitem, mas não se esqueçam que amanhã tem aula.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

O preço da fama.

A fama traz muitas vantagens, mas também costuma cobrar um preço. Seja com as celebridades, que são infernizados 24h pelos papparazzi. Seja com as empresas e suas marcas, que viram alvo de protestos, passeatas - e do Michael Moore.

Faz todo o sentido. Quanto mais famoso é o alvo da sátira, maior a repercussão que o assunto ganha. E se a questão é justamente ser ouvido, nada mais lógico.

Quando alguém decide avacalhar com o cigarro, é muito mais legal atacar o Homem Marlboro, ícone-maior da indústria tabagista. E não um cigarro qualquer, que ninguém conhece.

Parece que quem está pagando o pato dessa vez é a Unilever. Vejam o viral da Dove e, em seguida, a dura crítica que ela está enfrentando.





Dica da Jennifer Heemann.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

The communication business.



Dica de Daniel Simon.

Left Right Project

Pelo visto, a impressão que eu tinha sobre os tênis dourados (quem viu meus posts sobre a Europa sabe do que eu estou falando) realmente vai pegar. Saquem a ação criada pela Adidas nos EUA. Só reforçou o meu sentimento que essa Moda Alladin está realmente bombando.

terça-feira, 22 de abril de 2008

A pergunta de 1 milhão de dólares.

Uma das coisas mais legais da Perestroika é a relação que a gente tem com os alunos. Sem dúvida, é uma proximidade muito diferente do normal. Pelo menos, muito diferente de tudo o que eu vivenciei como aluno. Seja no colégio, na universidade, quando fiz intercâmbio ou até na Miami Ad School.

A gente curte pra caralho isso, se sente feliz por ser importante para os alunos e pelos vários papéis que a gente acaba assumindo nessa relação.

Por um lado, nós somos professores - ou facilitadores, como preferimos chamar. A gente procura explicar a técnica, o processo, os atalhos, as dicas, mostrando o que a gente acha que funciona e o que normalmente não funciona.

De outro, a gente serve como provocadores. Para provocar a curiosidade, sugerir novas soluções, fomentar o pensamento lateral e a busca de respostas para perguntas que ainda não existem.

Mas vários alunos nos procuram para pedir conselhos sobre a profissão e a vida. Meio naquela pilha Sr. Miyagi.

O que eu faço, isso ou aquilo?

O que é melhor, este ou aquele outro?

Para onde eu vou, para cá ou para lá?


A famosa PERGUNTA DE UM MILHÃO DE DÓLARES.



Na teoria, a vida é muito simples. A gente só precisa saber duas coisas.

1) O que a gente quer.
2) O que a gente vai fazer para conseguir aquilo que se quer.

Um tanto óbvio, não?

Óbvio o caralho. Na prática, a gente sabe que não é bem assim.

Às vezes, a gente já está contratado, mas pinta uma proposta de estágio num lugar muito legal. E fica dias e dias se remoendo para saber o que fazer.

Em outras, bate aquele desespero. Pedalo a faculdade para apostar no trabalho ou invisto no curso e vejo o que acontece depois?

Tem horas que a gente se vê numa encruzilhada. Não sabe se se dedica à vida pessoal ou à vida profissional. Especialmente quando se tem vários amigos que fazem Direito ou Adminitração e sabem do trabalho às 17h30.



Porra, é isso mesmo que eu quero fazer nos próximos 30 anos?

Vou para São Paulo ou fico aqui em Porto Alegre?

Será que eu sou criativo mesmo ou sou uma farsa?




Em meio a tudo isso, há uma boa e uma má notícia.

A má notícia é que, desde que a Humanidade é Humanidade, essa é a pergunta mais difícil que existe. Porque só você tem a resposta.

A boa é que, como o próprio nome sugere, essa é uma pergunta de 1 milhão de dólares. Se você responder, e responder certo, nada mais segura você. O 1 milhão de dólares - seja em dinheiro, seja em outro tipo de recompensa - é inevitável. Você pode largar o psiquiatra e viver a vida numa boa.

O grande problema é que, diferente do Show do Milhão, essa pergunta não dá pra pular. A gente infelizmente (ou felizmente) tem que enfrentar isso de frente. Porque só assim a gente sabe o que é melhor: isso ou aquilo, ir pra lá ou pra cá.

Então, valendo 1 milhão de dólares: qual é a sua resposta?

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Suruba de Blogs.

Todo mundo, ou quase todo mundo, tem alguma dica de Blog. (A gente sabe disso porque, volta-e-meia, recebe links por email. E também pelos questionários de vocês, que sempre trazem umas barbadas.)

Daí, fiquei pensando: esse amontoado de blogs poderia render um post bem bacana.

Então, eu convido todo mundo a postar nos comments algum endereço legal. Pode ser mais óbvio ou mais off-broadway. Vale tudo. Até porque, a gente tem alunos em diferentes níveis que acompanham o Blog da Perestroika. É legal sempre colocar o link e junto uma sinopse, dizendo do que se trata.

Ah, claro. Quem quiser fazer um jabá e propagandear o próprio Blog, tá liberado.

Eu começo. Minhas três primeiras dicas estão ali nos comments.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Waltão era o cara.

Walt Disney - ou Waltão para os íntimos - brincou de SimCity. Construiu um universo paralelo com tudo a que tinha direito. Castelos, casinhas, carruagens, chafarizes, ratos gigantes. E principalmente lojinhas, muitas lojinhas.

É impossível visitar os parques temáticos e não sair de lá maravilhado. É impossível não entrar nas lojinhas e não sair com uma sacola cheia de souvenirs.

Waltão era o cara.

Só que esse mundo da fantasia não é só feito de fantasia. Existem detalhes que você só percebe Quebrando a Matrix. E que ajudam a explicar por que a Tia Iara ficou rica.

Alguns destes segredos estão no post "6 Disney Secrets You’ll Wish You Never Read".

Ficou curioso? Então clique aqui.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Sentiremos saudades.

Segunda-feira, um dos maiores redatores de todos os tempos encerrou sua carreira. Pelo menos, a carreira de jogador.

Romário.

Romário que, entre uma frase e outra, fazia gols como ninguém.

Um centroavante brilhante, com declarações ácidas que ficaram imortalizadas na cultura popular.

Se a partir de agora Romário pára de jogar futebol, a gente pelo menos espera que ele continue soltando o verbo com a sua língua presa. Afinal, no meio de tanta obviedade, no meio de tantos "a gente vamos dar o melhor de si", Romário sabia polemizar como ninguém.

Como jogador, Romário foi um fora-de-série. Mas como redator é que ele foi o cara.



Veja abaixo algumas das tiradas sensacionais do Baixinho:

"A corte agora está toda feliz. O rei, o príncipe e o bobo"
Em 2000, após fazer quatro gols no Olaria e assumir a artilharia do Carioca, Romário resolveu responder a Edmundo, que disse que Romário era o "príncipe" do rei "Eurico".




"Quando eu nasci, o Papai do Céu apontou o dedo e falou: esse é o cara"
Na época em que jogava pelo Flamengo


"O cara entrou no ônibus agora. Não está nem em pé e já quer sentar na janela"
Em 2004, criticando o técnico Alexandre Gama, do Fluminense, que o tinha barrado do time.


"Não sou cavalo paraguaio. Mais uma vez, mostrei quem é o puro-sangue."
Em 2005, após atingir a artilharia do Campeonato Brasileiro de 2005, com 22 gols, na última rodada.


"Aqui tem muito rei. Rei tem dois, três, quatro, cinco. Mas Deus, Deus só tem um. E agora eles sabem quem é"
Em 1995, respondendo a Túlio e Renato Gaúcho na briga pela artilharia do Campeonato Carioca.




"Deus abençoou os pés desse cidadão, mas se esqueceu do resto e principalmente da boca, porque quando ele fala só sai besteira, ou melhor: só sai m..."
Rebatendo as críticas de Pelé, em 1998, sobre sua atuação na Copa Ouro pela seleção brasileira


"É bom ele se preocupar com a casa dele. Está dando ladrão lá..."
Provocando o atacante Túlio.


"Técnico bom é aquele que não atrapalha"
Em 2006, em entrevista ao SporTV ao comentar sobre os técnicos de futebol.


"Quem tem filho grande é elefante"
Ao expulsar familiares que moravam de graça em um de seus apartamentos.


"Pelé marcou gol contra a seleção do Exército e valeu; marcou gol de terno na demolição de Wembley e valeu; eu não posso fazer gol contra time da 3a. divisão que vem um monte de babaca encher o saco"


"Se depender da parte técnica ainda vou jogar muitos anos, porque os que estão surgindo agora são muito ruins"


"Onde está o meu nome tem confusão. Mas até que eu gosto. Porrada é comigo mesmo. Mas sou igual a índio. Só ataco quando sou atacado"
Confissão de quem vive cercado pela polêmica


"Não sei como vai ser acordar com 40 anos. Na verdade, não sei se vou dormir (risos). Mas depois da meia-noite sei que vou estar mais velho"
Ao comentar como vai se sentir ao completar 40 anos


"O Pelé calado é um poeta"
Em 2005, respondendo ao Rei Pelé, que declarou que Romário deveria encerrar a carreira.




"Como vou aturar um mala igual a mim?"
Sobre a possibilidade de tornar-se técnico quando encerrar a carreira


"Eu quero que eles se danem de verde, amarelo, preto e vermelho. Eles não merecem nada de mim. Só espero coisas ruins deles e torço para que só esperem coisas ruins de mim"
Disparando farpas contra a facção organizada Força-Jovem, do Vasco, em 2001.


"Quem tem que se preocupar com imagem boa é aparelho de TV"
Romário ao falar da sua personalidade


"Tenho uma relação íntima com a noite. Ela sempre foi minha amiga. Quando saio, estou contente e marco gols"
Ao comentar as suas noitadas antes dos jogos


"Sou que nem dinheiro. No fundo, todo mundo quer um pouquinho. Conhece o ditado que diz que quanto mais velho melhor é o vinho? Tem muito vinho falsificado e que avinagra. Eu não"
Na época em que estava decidindo com que time iria acertar entre Flamengo, Vasco e Fluminense


"Só vejo o Pelé na minha frente. Ele não é rei, é Deus, inigualável. Quanto mais perto chegar dele, mais prazer vou ter. Eu sou eu, nunca me comparei a ninguém e não vou fazer isso agora. Respeito todo mundo, mas me respeito muito também"
Em 1998, despejando críticas veladas ao ex-craque Zico ao comentar quais seriam os maiores jogadores da história do futebol brasileiro.


"Goleiro sempre tem mérito. Mas dessa vez não. Do jeito que bati, até a minha mãe pegava"
Ao comentar o pênalti que perdeu contra a Ponte Preta no Campeonato Brasileiro de 2005

terça-feira, 15 de abril de 2008

Viaje.

A coisa mais importante que eu aprendi com meu ex-psiquiatra é que a gente costuma dar opiniões de forma extremamente irresponsável.

As pessoas adoram dar conselhos. E dão conselhos sem se preocupar muito com as conseqüências disso. Poucas vezes levam em conta tudo o que se tem a ganhar ou a perder. Simplesmente se colocam no lugar do outro por alguns instantes, dizem alguma coisa que pareça inteligente e voltam a viver suas vidas.

Não sou um cara com bagagem suficiente para dar conselhos de vida. Até porque, como disse Hipócrates, A experiência é enganadora. A gente pensa que sabe como as coisas vão acontecer para os outros só porque aconteceram de determinada forma para a gente.

Só que mesmo levando em conta tudo isso, todos os conselhos irresponsáveis e as experiências enaganadoras, ainda assim existe uma certeza na vida que eu quero dividir com vocês.

Viaje.

Viajar é a melhor coisa do mundo.

E não estou falando em viajar no sentido abstrato. Estou falando da viagem literal. De pegar um carro, um ônibus ou um avião e desbravar o mundo. Seja para uma cidade vizinha, seja para um país distante, seja para outro planeta.

Viajar é a melhor coisa da vida porque absolutamente todas as coisas boas podem ser feitas viajando. E aí, elas ganham um gostinho especial.

Comer é um dos maiores prazeres que já inventaram. Pois numa viagem, você se dá ao luxo de visitar restaurantes únicos e experimentar sabores impensáveis. Mesmo que você não goste de pratos exóticos, ainda assim você pode se esbaldar. Basta entrar num mercadinho, comprar pão, queijo, presunto e apreciar o sabor da cultura local. Aposto que não será um simples sanduíche.

Beber é uma maravilha. Quando você está de férias, você fica em contato com cervejas das mais diferentes texturas e vinhos das mais diferentes safras. E o melhor: você pode fazer um brinde no almoço, outro no happy hour e - se ainda tiver estômago - um terceiro no jantar. Sem ter que se preocupar com compromissos, com hora para voltar ou com os efeitos colaterais.

Comprar é muito bom. E quando se viaja, você não só tem tempo para visitar lojas, pesquisar preços, comparar vitrines. Mas tem a oportunidade de ver coisas diferentes, marcas diferentes e ficar em contato com tudo o que ainda não chegou no Brasil. Seja moda, sejam filmes, sejam produtos de tecnologia.

Curtir a sua mulher é o máximo, não é? Pois de férias fica tudo mais romântico. Só a quebra da rotina já é capaz de reaquecer qualquer relacionamento. E são tantas paisagens lindas que fica impossível não encontrar pelo menos uma para rolar aquele beijo de novela.

Certamente existe um lugar no mundo onde você poderá fazer o que mais gosta de um jeito ainda mais divertido. Seja andar de montanha russa, esquiar, dançar, dormir, visitar museus, ver shows ou ir num coffee shop.

E isso não tem nada a ver com grana. Você não precisa ser milionário para sair por aí. Eu sou amigo de muitas pessoas que não são cheias do dinheiro, e ainda assim conhecem o mundo inteiro. Algumas, o mundo inteiro mesmo.

Confie em mim. Mesmo que você não acredite em conselhos, por favor, acredite neste.

Viaje.

Viaje e não se esqueça do filtro solar.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Quem é o melhor?

Com tanta promoção clichê para fazer, a Coca acertou em cheio nessa.
Até o Rafa, que ama a Argentina, já tem o seu candidato.

Começa hoje o novo curso: Gestão de Contas.

A Perestroika está vivendo um momento muito especial. Quatro grandes acontecimentos de uma só vez.

A primeira novidade é a nossa sede, que inaugurou no último sábado. Valeu todo o esforço. Valeu todo o investimento. Valeu a incomodação para resolver cada detalhezinho. Porque a galera percebeu, e elogiou, e - o que é mais importante - se sentiu à vontade na nossa nova casa. Sem dúvida, ficou muito diferente das salas de aula tradicionais.

A segunda é a nossa nova turma de Criação I. De todas as aulas inaugurais, essa foi a mais leve, a mais descontraída. Com certeza o ambiente aconchegante da sede ajudou. Mas o mais legal é que rolou uma sintonia de cara. A galera falou sem medo e as piadas saíram naturalmente. Foi muito alto astral.

O terceiro motivo para comemorar foi a estréia do tão esperado Criação II. Uma aula cercada de muita expectativa, que colocou o sarrafo lá em cima - para os alunos e para nós mesmos. Ao que tudo indica, o pessoal adorou.

Mas talvez a mudança mais emblemática para a Perestroika seja a da noite de hoje. A primeira aula de Gestão de Contas.

É o momento em que a Perestroika deixa de ser um curso de Criação e passa a ser um negócio maior, num âmbito maior. Um curso inédito no RS, talvez no Brasil, que nos coloca em outro patamar.

A partir de agora, novos cursos virão, sempre dentro da mesma proposta que vocês já conhecem. Nada de papai-e-mamãe. A gente vai botar pra fuder sempre.

Aos nossos novos alunos, e aos novos parceiros: sejam bem-vindos à Perestroika.

domingo, 13 de abril de 2008

A vida só muda com atitude.

Eu adoro Poker. Na verdade, adoro o Poker Texas Hold'em. Pratico ao vivo e na internet, vejo as partidas pela televisão, visito diariamente sites, leio livros, artigos, estudo pra caralho. Quando viajo, sempre dou um jeito de aparecer num cassino.

(Se você tem algum interesse em aprender o Texas Hold'em, clique aqui e aqui. Se não, siga em frente sem problemas.)

O que me fascina nesse jogo, que é considerado a variante mais sofisticada de todos os tipos de poker, é que ele é uma mistura de estatística e atitude, com uma pequena interferência de sorte.

Se você só for bom de matemática, e só souber calcular as chances de virar uma carta a seu favor, pode ganhar hoje. Mas ao longo do tempo, é mais provável que quebre.

Se você só for corajoso, se só tiver cara-de-pau para blefar na hora certa, pode ganhar hoje. Mas ao longo do tempo, é mais provável que quebre.

Um bom jogador precisa ter essas duas habilidades. Porque in the long run, a sorte se dilui. Todo mundo recebe boas cartas. Ganha quem sabe o que fazer quando elas aparecem.


Jogo de poker: uma única mão valendo 750 mil dólares.


Acho que essa comparação serve para o nosso dia-a-dia.

Primeiro, porque a vida de um criador não se define apenas pelo seu talento, mas também pela sua atitude.

Adoro quando vejo alunos da Perestroika demonstrando atitude - atitude que transforma suas carreiras.

Teve aluno que vivia no interior, largou tudo, veio para Porto Alegre e hoje está contratado na Escala. Teve diretor de criação que repensou toda a sua carreira a partir do curso, decidiu dar um passo atrás para dar dois passos a frente. E deu certo. Teve redator que já era contratado e aceitou um estágio para investir no portfólio e continuar aprendendo. E está fazendo bonito.

O que vale para esses três casos talvez não valha para todo mundo. Mas com certeza, era exatamente isso que essas três pessoas queriam. E só com atitude é que elas conseguiram botar em prática.

O segundo ponto é: assim como todo jogador de poker recebe boas cartas, todo mundo têm boas oportunidades na vida.

Alguns, percebem e conseguem aproveitá-las, porque estão bem preparados. Outros percebem, mas como não estão bem preparados, não conseguem aproveitar. E outros estão tão mal preparados que nem percebem a oportunidade. E o cavalo passa encilhado.

Acredite. Na maioria das vezes, a infelicidade no trabalho está diretamente relacionada a alguma rateada. Essa pessoa provavelmente teve uma chance e pisou na bola na Hora H.

E não estou dizendo que essa chance significa uma entrevista numa grande agência.

Pode ter sido apenas um job que o cara não deu tanta bola, e que poderia ter se transformado numa campanha com puta visibilidade. Pode ter sido um dupla pilhado, que você não aproveitou e, desmotivado, foi para outra agência. Pode ter sido uma competição que você deixou de participar, e que poderia ter ganho.

***

Aproveito o gancho para falar do Young Creative 2008.

Muita gente deixa de participar do Young porque acredita que não tem chances de ganhar.

Para essas pessoas, eu lembro que, no júri, sempre estão profissionais com poder de contratação de grandes agências. Na primeira vez que fui jurado, eram dois diretores de criação avaliando as pastas, mais um que participava da organização. Todos eles viram os portfólios e anotaram vários nomes. Na última sexta, a história se repetiu.

Vencer o Young é muito legal. Mas só participar já é uma experiência que melhora a sua pasta e que dá visibilidade para o seu trabalho.

Vale lembrar: tirando o Rafa, que foi o primeiro Young do RS, acho que ninguém ganhou a competição de cara.

Então, ano que vem, nada de cu doce. Coloque a sua pasta a julgamento. Se você for mal, ótimo. É uma boa maneira de saber que você tem que se puxar mais. Se você for bem, ótimo. Sinal de que está no caminho certo.

Se você ganhar, daí você me deve uma.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Hoje é sexta-feira!



Mas amanhã tem aula. Então, quebrem tudo com moderação.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Zag.

Há alguns anos, a Advertising Age elegeu a BBH (Bartle, Bogle & Hegarty) como a melhor rede de agências do mundo. O Márcio teve o privilégio que trabalhar lá por algumas semanas, num internship. Foi curto, mas tempo suficiente - como ele mesmo diz - para entender melhor toda a efervescência criativa do lugar.

A BBH se posiciona como a contramão. O logo da agência é uma ovelha negra. E o slogan é: Se o mundo faz zig, faça zag.

O que é mais legal é que o trabalho da BBH realmente reflete isso. Não é um discurso vazio. Existe na personalidade da agência uma ousadia que, independente do cliente, está sempre lá.

Essa coragem, essa ousadia é uma coisa que eu procuro experimentar no dia-a-dia. É uma coisa que eu literalmente me forço a fazer, já que a nossa natureza é sempre ir pelo caminho mais fácil.

Exemplo: vez por outra eu me arrisco na cozinha. E quando isso acontece, sirvo de cobaia de mim mesmo. Por isso, eu parto de uma receita, mas sempre procuro colocar alguma pitada de improviso. Normalmente eu nem provo a comida para não saber como está ficando.

A tendência natural é a gente temperar até que fique próximo do nosso sabor predileto. Exemplo: se você gosta de pimenta, e a comida está sem pimenta, a tendência natural é você prová-la e apimentá-la. E se você sempre faz isso, você sempre vai cozinhar dentro do mesmo universo (das comidas apimentadas).

Esse método experimentativo não é infalível, evidente. Não foi nem uma, nem duas vezes que, já na primeira garfada, percebi a merda que tinha feito.

Mas na minha opinião, é um preço muito baixo perto de algumas descobertas deliciosamente exóticas que já fiz. E que só aconteceram porque eu arrisquei. Um all-in sem ver as cartas.

Durante esse último mês, nas minhas férias, sempre que possível tentei olhar as coisas por outro ângulo. Até porque, quando se é turista, é muito fácil cair nos clichês. Você abre o guia e o cara diz "veja isso, veja aquilo". Você vai lá, vê, acha lindo. E vai embora. Normalmente nos falta um pouco dessa coragem, dessa irresponsabilidade, quando se está num ambiente estranho.

Confesso que, na maioria dos pontos turísticos, não rendia nada. Mas em outras foi bem legal. No Louvre aconteceu um episódio curioso (que vai virar outro post mais pra frente.) Mas o meu predileto foi na Basílica de San Marco.



Todo mundo entra lá para ver o teto. E antes que eu pudesse olhar para cima, uma vozinha soprou no meu ouvido e disse Se o mundo zig, faça zag.

Olhei para o chão.



Graças a esse exercício, eu presenciei uma das coisas mais fantásticas da minha viagem. Uma construção toda em mosaico, simplesmente maravilhosa, indescritivelmente linda. Fiquei por vários minutos admirando aquela obra de arte, enquanto japoneses e mais japoneses disparavam seus flashes em direção ao teto.

O mais legal é que, para ter acesso a essa pequena descoberta, não precisei abrir mão de ver a cúpula. Pude observar ambos e inclusive compará-los.

Se eu não estivesse embuído desse espírito (minimamente) aventureiro, talvez tivesse perdido a oportunidade. Assim como todos os meus amigos japoneses perderam.

Num dos seus livros, o Paul Arden fala exatamente dessa mania de segurança. Nós fomos educados para buscar segurança. Mas essa mesma segurança costuma nos limitar, em vez de ampliar os nossos horizontes.

***

Agora, não me interprete mal. O mito de que "basta ser diferente para ser criativo" é errado. Esse pensamento dá margem para milhares e milhares de pessoas acreditarem que são gênios incompreendidos.

Veja bem, não é isso que eu estou pregando aqui.

A minha única provocação é que você, sempre que puder, exercite um pouquinho desse risco. Costuma valer a pena.

***

Falando em risco e em valer a pena, finalmente chegou a hora. Finalmente a obra está pronta para receber a nossa Comunidade.

É o tipo de problema que parece que nunca vai acabar. E talvez nunca acabe mesmo. Sede - assim como casa - está sempre em construção. A gente sempre quer melhorar aqui, mexer ali, reformar aquele outro. Com a Perestroika não vai ser diferente.

Até porque Perestroika, em russo, significa reconstrução.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Ninguém falou que ia ser fácil.

Quando eu entrei nessa, eu sabia que ia ser foda.
Durante muito tempo, deu para encarar na boa. Mas com o passar do tempo a gente vai ficando cansado, estressado.

Já tô num ponto que tô de saco cheio.

É difícil ter que lidar com essas frustrações diárias. Fornecedores irresponsáveis, gente que vive chegando atrasado, reuniões intermináveis para combinar uma coisa e que depois não é nada efetivada. É brabo ter que lidar todos os dias com gente sem comprometimento com prazos, com o trabalho, com o resultado final das peças.

A gente passa um tempo planejando, concebendo, criando. E aí, chega na hora de executar, de produzir mesmo, a idéia acaba saindo toda guenza.

Fora as pessoas que chegam olham e ficam dando pitaco. "Acho que ia ficar melhor assim." "Mas por que não botou mais cor aqui?" "Tá faltando luz!" "Muito escuro."

O verdadeiro problema é que a gente tá sempre dependendo de outras pessoas. E aí, meu irmão, é difícil de administrar porque errar é humano. Mas olha, errar tanto assim, é desumano. Pelo menos comigo, que acabo ficando nervoso, com gastrite, pensando que das duas uma: ou não vai ficar bom ou não vai ficar pronto no tempo.


Propaganda? Ah, me desculpe, caro leitor.
Mas, dessa vez, estou falando da obra da nossa sede.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Paul Arden

Saiu no CCSP um texto muito legal falando do Paul Arden, autor do "It´s not how good you are..." e o "Whatever you think...". Duas leituras realmente imperdíveis e muito inspiradoras. Indico de olhos fechados.

Dica da Bárbara Bastos, nossa ex-aluna.
Aproveitem.


***


Anselmo Ramos num tributo a Paul Arden - CCSP

Para muita gente no mercado brasileiro o nome Paul Arden pode não dizer muita coisa.

Mas para mim diz muita. E eu me sinto na obrigação de compartilhar com vocês o que eu estou sentindo agora.

Estou profundamente triste. Descobri aqui em Londres, no meio de um set de filmagem, que o Paul Arden tinha falecido.

O fato de eu estar em Londres quando ouvi a notícia fez a notícia ficar ainda mais triste.

Vocês podem ler mais sobre o Paul Arden na Creativity Online, na Creative Review e em outros sites e blogs.

O que eu gostaria de contar aqui foi a minha experiência pessoal com ele, que marcou profundamente a minha carreira.

Eu tive a sorte de filmar com o Paul Arden em 1996, quando estava trabalhando na Young & Rubicam / Madrid. Na época eu fazia dupla com o Cassio Moron, da Loducca.

Nós tínhamos acabado de ganhar a conta da Heineken e estávamos buscando diretores para filmar uma campanha regional para a Europa.

A produtora Tesaurus indicou um criativo inglês que estava começando a dirigir chamado Paul Arden.

Gostamos do rolo, do papo, do Director's Treatment, e acabamos optando por ele.

Já tinha ouvido algumas histórias sobre o Paul Arden. Que ele foi diretor de criação mundial da Saatchi&Saatchi. Que ele tinha feito aquele comercial famoso da British Airways com milhares de pessoas formando um rosto e aquela campanha clássica de Silk Cut. Que ele era perfeccionista, gênio, louco.

Mas eu não tinha a menor idéia de como era o Paul Arden. Eu esperava qualquer coisa menos um senhor com óculos de aro grosso, terno de risca de giz e lenço na lapela.

No meio da reunião de pré-produção, quando o cliente questionou sua escolha de casting (ele só trouxe uma opção para cada papel), ele simplesmente levantou-se, desculpou-se de uma maneira "polite", disse que nesse caso preferia não fazer o projeto e retirou-se diante do olhar atônito de todos.

O atendimento teve que literalmente sair correndo atrás dele e trazê-lo de volta, prometendo que o cliente ia acatar sua recomendação.

No roteiro do comercial "Lobo", o Lobo Mau corria atrás da Chapeuzinho Vermelho.

O Paul sugeriu que o Lobo Mau andasse de muleta. Ninguém entendeu porquê.

Mas o Paul insistia.

Apesar de eu não entender a razão por trás dessa sugestão aparentemente sem sentido, acabei concordando. Parte porque eu já estava achando ele muito mais criativo aos 55 anos do que eu aos 26, e parte porque simplesmente eu não tinha inglês para discordar de qualquer coisa.

Mas o cliente tinha: "E por quê exatamente o Lobo Mau precisa andar de muleta?" O Paul ficou alguns segundos em silêncio. Depois disse: "Não tenho nenhuma resposta lógica. Mas por que não"?

O Lobo ficou de muleta.

Mais tarde, quando o Paul descobriu que o cliente tinha reprovado o filme "Adão e Eva" da campanha, ele ligou indignado: "Como assim o cliente reprovou "Adão e Eva"? Era o melhor. Posso ligar para o cliente direto"?

Alguns dias antes da filmagem, chegamos em Londres e fomos para o estúdio dar uma olhada nos cenários.

Depois de mostrar pra gente os três cenários dos filmes aprovados, o Paul fez um gesto de "follow me" e abriu umas cortinas no fundo do estúdio. Lá estava o cenário prontinho, o Eden, a árvore, a serpente mecânica, Adão, Eva, as folhas de parreira. "Assim que o cliente for embora, vocês ficam mais um dia e filmamos."

No final o cliente continuou não gostando da idéia e o filme nunca foi veiculado. Mas não importa. O ponto é: esse tipo de paixão cega e contagiante é cada vez mais rara em nossa profissão.

Nos quatro dias de filmagem, tudo que eu tinha ouvido falar de Paul Arden ficou confirmado. Perfeccionista, gênio, louco.

No final de semana, fomos convidados para conhecer a sua "cottage house" no English Countryside. Parecia uma casinha de conto de fadas.

Toni, a mulher do Paul, cozinhou algo tipicamente inglês e passamos a tarde conversando. Joguei xadrez com o Paul. E ganhei, coisa que o deixou profundamente irritado (isso não significa que eu jogo bem, apenas que ele jogava mal).

Algum tempo depois, quando estava pensando em sair da Espanha, mandei meu trabalho para o Paul dar uma olhada. Em uma semana ele enviou uma longa carta escrita à mão com caneta tinteiro, comentando peça por peça. Tinha um ou outro "brilliant" e muitos "rubbish".

Mais tarde, eu mudei para os Estados Unidos e perdemos contato.
Eu acompanhava de longe as notícias. Soube que ele montou a Arden Sutherland-Dodd. Que ele começou uma galeria de fotos chamada Arden and Anstruther. Que ele escreveu "It's Not How Good You Are, It's How Good You Want To Be" e "Whatever You Think, Think The Opposite". Dois livros que eu considero leitura obrigatória para qualquer pessoa apaixonada por publicidade e pela vida.

São livros obviamente escritos por um diretor de arte e por isso mesmo tão simples e diretos.

E há pouco tempo o Paul lançou seu terceiro livro "God Explained In A Taxi Ride". Acabei de ler este último aqui no hotel antes de escrever este texto.

É engraçado o Paul escrever um livro sobre Deus um pouco antes de falecer.

No livro, Paul termina dizendo "I believe in God". E na próxima página: "But if you don't believe in God, this is the end".

Seja onde for que o Paul estiver, ele vai continuar sendo perfeccionista, gênio, louco.

No céu, ele vai criticar as formas das nuvens. No inferno, ele vai achar defeito no fogo.

Precisamos de mais pessoas genuinamente brilhantes e apaixonadas pelo que fazem. Precisamos desesperadamente de mais Paul Ardens.

Muito obrigado, Paul, por tudo que você me ensinou. Por me fazer pensar, cada vez que crio alguma coisa, "e se eu colocar uma muleta?".

Anselmo Ramos, vice-presidente nacional de criação da Ogilvy & Mather

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Perottoni: o Czar da Perestroika de casa nova.

Talvez nem todo mundo saiba, mas a Perestroika tem, desde o fim do ano passado, um correspondente internacional. Um Czar lá no Velho Continente.

Esse correspondente fica em contato direto, nos abastecendo de informações do Exterior e, de vez em quando, contribuindo para o Blog. Além de muitas outras coisas que a gente pretende colocar em prática em breve.

O nome do nosso Czar em Londres é Fernando Perottoni. Um diretor de arte fantástico que foi dupla do Márcio e depois trabalhou comigo na DCS antes de ir para a Inglaterra. Lá, ele participou do programa da West Herts, foi um dos destaques e conseguiu um estágio na St. Luke's.

Já ouviram falar do livro "A Empresa Criativa"? Já ouviram falar de um tal de Andy Law? Pois é, é dessa St. Luke's que o livro fala.

Então: acabei de receber um email do Perottoni com boas novas. Ele foi contratado pela TBWA/London. Uma agência com contas do calibre de Apple, Playstation, Absolut Vodka, Adidas, McDonalds, Nivea, Nissan, Whiskas, etc, etc, etc, etc.

É impossível evitar o meu Do caraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaalho!

Então, toda a Comunidade Perestroika parabeniza o nosso parceiro. O Perottoni é mais um exemplo de quem foi lá e fez.

Acho que também vale registrar que, de certa forma, isso tudo justifica a dificuldade do Perottoni contribuir com o Blog nos últimos três meses. Uma negociação desse tipo exige muito mais do que meia dúzia de JPGs por email.

Quem quiser conhecer mais os trabalhos dos caras, e invejar um pouquinho o novo emprego do nosso Czar londrinho, é só entrar em www.tbwa-london.com.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Filme novo de Dijean




As meninas estão cada vez mais espertas. Mais ácidas, mais tudo.
Elas seduzem, usam e se aproveitam cada vez mais dos meninos.

Esse trabalho é um belo exemplo de planejamento e criação trabalhando juntas,
e o resultado ficou bem bacana.
Nas aulas entrarei mais nos detalhes do case completo.
Sou suspeito, porque estou na ficha, mas preciso dizer que adorei o filme.
Nunca tinha filmado com animais, é uma experiência bem legal.
Espero que gostem.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Impressoes de Barcelona

Tomei o cuidado de nao colocar "Impressoes da Espanha" no titulo porque Barcelona fica na Catalunha. E a Catalunha, definitivamente, nao eh Espanha. Nem para eles (que odeiam quando os chamamos de espanhois), nem para nos, forasteiros.

Existem muitas diferencas gritantes entre esses dois universos. E nao me refiro apenas a lingua, mas tambem a culinaria e aos costumes mais coloquiais. Aqui, por exemplo, eles odeiam touradas e flamenco.

Eh mais ou menos o que os caras do Pampa-gaucho quiseram ser um dia. Soh que Barcelona estah a anos luz de Porto Alegre.

Pois bem: foi um final com chave de ouro. O sol voltou a aparecer e ateh consegui andar de camiseta.

***

Acho meio pleonastico ficar falando de Gaudi, o arquiteto que deu o tom e a cara da cidade. Mas ele merece todos o meu deslumbramento. Acho que a Igreja da Sagrada Familia deve ser, ao lado do Exercito de Terracota, a coisa mais impressionante que eu jah vi.

Na Sagrada Familia, vi todo o projeto do Gaudi, todas as maquetes e as inspiracoes do cara. Absolutamente TUDO o que a gente fala em aula. As inspiracoes, o planejamento, a ousadia, o trabalho que dah. Vou escrever um post falando disso na volta.

***

Barcelona eh bem moderninha e uma cidade perfeita para quem quer comprar coisas cool. Eu dei banda em varias lojinhas metidas e confirmei um pouco daquela tese que eu tinha sobre o dourado.

Alem disso, a moda skate, a influencia hip hop e os tenis bolachudos tomaram conta de todas as prateleiras. Ainda sobrevivem as sapatilhas da Vans.

***

Uma das coisas mais legais que eu fiz em Barcelona foi ir ao Zoologico. Como eh engracado isso, neh? Viajar eh tao do caralho que a gente se forca a fazer programas para todas as idades. E descobre nessas experiencias um prazer que a rotina e o dia-a-dia cristalizam.

***

Peguei emprestado com um amigo um guia todo cool de Barcelona. Como curadoria eh importante, neh? Sempre eh bom ter alguem que saiba mais que a gente para nos dar dicas. Seja o que for.

Acho que esse eh o grande sucesso dos Blogs, e, no caso, do Blog da Perestroika.

***

Mas o grande acontecimento de Barcelona, e da viagem, foi o jantar no PLA, talvez o restaurante mais hypado da cidade. Fui lah, fiz a preza com a patroa, mandei brasa num rango animal. E tudo sem culpa, porque eu tinha um otimo motivo.

Foi lah que eu pedi ela em casamento.

***

Bom, era isso, gente. Na volta, com as fotos, organizo as ideias e faco uns posts cabecoes.

Agora me deem licenca, porque eu acabei de descobrir que a Central e Intercambio marcou meu voo errado. Que saudades do Brasil!

Beijos, abracos.

tg

terça-feira, 1 de abril de 2008

Tá nascendo. Apareceu a cabecinha.




A vida da Y&R era tão tranquila.