Blog da Perestroika

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Circuits of cool

A MTV internacional acabou de fazer um grande estudo sobre o jovem e a tecnologia. Tem coisas bem legais e mais uma vez a galera da Perestroika pode conferir o resultado em primeira mão.

Se antes, ao pensar no jovem (sim, vocês, alunos), necessariamente se falava e discutia música, moda, tênis, hoje o assunto na mesa de reuniões das corporações capitalistas mais perversas, nas discussões estratégicas, o que se questiona é o uso que o jovem está fazendo da tecnologia e o impacto em suas vidas. Palavras estranhas para eles, como My Space, You Tube, blog, iPod entram na roda. E é deste lugar que se tiram conclusões geniais, como a de que o jovem não assiste mais TV.

BULLSHIT.

Então como a galera, de fato, tá vendo tudo isso? Bom, era exatamente essa a proposta do estudo.

A resposta é óbvia e possivelmente jamais seria apontada por um senhor de sessenta e poucos anos que acaba de sair de uma reunião onde foi apresentado o resultado financeiro da empresa do mês.

Pois bem, vocês (jovens entre 14 –não é o caso- até 24 anos –agora sim) não amam ou odeiam, vocês simplesmente NÃO percebem a tecnologia . Assim como eu, tiozão, não percebo a geladeira. A TV a cores. O Genius. Eu vim ao mundo e os alimentos já eram guardados na cozinha e se mantinham resfriados dentro de uma caixa retangular, pesada e que, se fosse Frigidaire e tu fosse abrir molhado, dava um baita choque. Pra minha vó, aquilo era tecnologia. Pra mim, geladeira.

Tipo, o Blackberry é, para mim, o que a TV a cores ou depois a primeira transmissão ao vivo foi para o meu pai. Uma novidade percebida. E é quando chamamos isso de tecnologia e não pelo nome.

E o Genius. Bom, eu até chamo pelo nome, mas até hoje não entendo muito bem pra que serve.

O resultado completo a gente pode mostrar em aula, se vocês quiserem. Abaixo, alguns tópicos e conclusões. Algumas mais percebidas, outras bem bacanas. Ah: a pesquisa foi feita com mais de 18.000 jovens, de 16 países. No Brasil, só jovens das classes A e B foram ouvidos).

- Em função da tecnologia, o jovem está mais indoor.

- Os jovens de todo o Mundo (literalmente) estão mais parecidos, pois têm acesso à mesma mídia.

- A forma de relacionamento com os amigos mudou. Hoje o jovem tem mais amigos. E amizades mais profundas. Dizem que conseguem falar coisas pelo IM que não diriam olhando no olho. Conversam mais.

- Os amigos agora são os canais de comunicação mais relevantes, mais cativantes e os mais disponíveis para um profissional de marketing. Os amigos, assim como as marcas, possuem o poder de conferir credibilidade a um produto

- Os brasileiros têm, em média, 94 amigos (a média mundial é 53). 6 íntimos, 40 amigos e 48 amigos online, que ele raramente ou nunca encontra pessoalmente (potencial de buzz pela internet bizarra, certo?!).

- O perfil de uso da web pela galera: a maioria é “observador” (só assiste) e “promotor” (assiste e repassa). O jovem de hoje não é mais criativo, o que acontece é que tem mais visibilidade.

- A TV continua sendo uma das opções favoritas. O Brasil é o país que mais tem TVs no quarto no mundo! É uma das únicas atividades que até o jovem pára pra fazer, e relaxa, se abre. Fica passivo (sem segundas interpretações.).

- Adoram comerciais de 30’’. Pra eles é um baita tempo, dá pra contar tranquilamente uma história. E, se for bacana MEEESMO, ele ainda vai colocar no YouTube e repassar pra galera. Claro, vai conferir status pra ele (é a glória de uma marca, depois disso, o cara pode se aposentar).

- 58% prefere mais os comerciais de 30’’ do que a programação da TV.

- Os jovens são mais impactados pela propaganda na TV do que na internet. A TV, para o jovem, é a oportunidade de conhecer aquilo que eles não estão buscando. Além disso, o meio confere mais credibilidade.

- O jovem não mudou. Hoje, o que eles têm mais são ferramentas.

- O sucesso de uma tecnologia depende do uso/necessidade (olha a geladeira e o Genius, quem existe até hoje?). Sendo que o conceito de necessidade ainda depende claramente de sexo, idade e local.

- O jovem tem desejo de estar sempre conectado. Quase metade (na pesquisa tem o número exato), quando acorda, a primeira coisa que faz é olhar o celular. E antes de dormir, a mesma coisa. Mais da metade, quando entra na internet, a primeira coisa que faz é acessar o IM e email.

- A tecnologia simplificou, sim, o mundo para o jovem. Ele reconhece.

- Música mais importante do que nunca. Ele só consome, gasta, em ocasiões especiais: um CD com edição limitada, um CD que goste de TODAS as músicas, um ingresso para show, um DVD ao vivo. Mas a experimentação se dá pela web. A grana só vem para o que vou simplificar chamando de experienciação.

Os dados são estes.

Eu acho TV punk. Adorei ver isso no resultado da pesquisa. Adorava criar filmes. Uma grande idéia, bem executada pra caramba, com grana pesada de produção, é muito forte. Mexe com vários sentidos. Não é por nada que o cinema é o CINEMA. E com a audiência que a TV tem no Brasil, olha meu, é difícil de bater falando em estratégia de marketing para alto volume de vendas.

E é claro que se o filme for bom pra TV ele tb vai ser bom pro YouTube. E vai ficar mais forte quanto um amigo passar pro outro, que passar pro outro. Mas até isso a TV potencializa. Ela espalha o chumbo. São mihões de pessoas que vão ver o comercial, basta um decidir colocar na internet e tudo pode acontecer por ali tb.

Isso se a idéia não tiver rendido mais ações. Porque um mais um em marketing sempre é mais do que dois.



Ah, ah, falando em tecnologia: quem vai ganhar o iPod?

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Como surgiram as grandes expressões

Vocês já ouviram alguém falando "Dá a volta por cima"? Da onde veio isso? Por que toda vez que eu fico brabo ou puto com alguma coisa alguém chega e diz "ah, tu dá a volta por cima"? Quem foi a primeira pessoa que falou "dá a volta por cima"? ô meu! dá a volta por cima.

Essa é uma pergunta que me intriga há alguns anos já. E vocês podem imaginar que, dedicando algum tempo pra pensar sobre esse assunto em específico, eu devo ter chegado a alguma segunda etapa do raciocínio. Que não é assim, uma conclusão digamos, mas que é com certeza mais do que tu já parou pra pensar, porque tenho bastante convicção de que você não parou para pensar nesse assunto por motivos que eu entendo plenamente.

Buenas, o que eu fiquei pensando é que essa expressão poderia ter surgido assim: o cara tava dirigindo no centro de porto alegre. Aí, a mulher tava conversando com ele, e ele tentando descobrir como pegava a rua Tenente Bartolomeu. Só que, muitas vezes essas ruas menores, dumas celebridades históricas do segundo escalão, tipo o Oscar Magrini na Globo, eles não colocam a plaquinha azul aquela em todas as esquinas. Então o cara vai olhando achando que aquela ali é a rua, mas ao mesmo tempo achando que não, afinal, não tem plaquinha. E, ao mesmo tempo fazendo o marcador verborrágico só pra parecer que eles está prestando atenção na conversa da mulher: "huhumm...huhum".

Aí, ele se liga quando o carro já tinha passado do ponto certo de fazer a curva que não, aquela deveria ser mesmo a rua. Aí pára meio bruscamente e tenta dar uma ré. Só que daí já vem um monte de carro atrás, meio botando luz alta e já ligando o pisca pra sair de trás do cara. E ele fica meio com vergonha de estar atrapalhando o trânsito ao mesmo tempo que quer meio dar uma de fodalhão e não se mixar só porque tem uns caras reclamando porque, afinal, tem um monte de vezes que pára um filho da puta na frente dele que no final das constas dá a ré mesmo e entra na rua certa.

Isso tudo dura uns 2 segundos que é o tempo de ver que, tá, não vai dar. Daí o cara engata a primeira e, meio por ter perdido a rua e meio porque tá se sentindo um CAGALHÃO, fica puto. E começa a xingar no carro interrompendo a conversa da mulher. PORRA. QUER MERDA DE RUA QUE NÃO TEM A PORRA DA PLACA.

Aí a mulher vira para ele e diz:
"Calma amor. Pega a próxima a direita e dá a volta por cima."

É bem improvável. Mas poderia ter sido assim

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Módulo II

Agora é oficial. No primeiro semestre de 2008, a Perestroika lança o Módulo II. Será a continuação do Módulo I, na mesma batida da Perestroika que vocês já conhecem - porém com um conteúdo ainda mais preza.

Do pouco que podemos adiantar, uma coisa é certa: os indicados terão prioridade na inscrição. Portanto Facco, Rech, Nato, Carol, Laura e Tiago já saem em vantagem.

E na turma 2, quem serão os indicados? Hein? Hein? Por enquanto, não tem nada decidido. O Jogo, A Coisa e os trabalhos que ainda faltam é que vão dizer.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

O poder do design

Minha filha acabou de completar 18 meses, que não é 18 anos mas deve ser a maioridade infantil. Deve representar o momento onde a pessoa deixa de ser bebê e vira criança. No meu caso, isso representa que agora ele decide a hora que tem que tirar o sapato, qual o pijama que ela quer vestir e qual o remédio que ela quer tomar.

E também representa que agora ela define se vai ou não tomar a mamadeira, o que vem tornando a hora de dormir bem mais complicada à noite. Ela já entendeu que a hora de mamar é hora do sono, e, como ela já é maior de idade, não quer dormir cedo. Dez e meia, onze horas é cedo demais e não dá para pegar a reprise da Pinky Dinky Doo no Discovery Kids.

Ontem, depois de negar o mamá, ela, bem bela sentada no sofá assistindo Pinky Dinky Doo, começou a pedir "Água, água. Água, água." (ela sempre repete as palavras).

Aí, eu tive o insight genial. Vou sacanear essa guria, eu pensei. E vou usar todo o poder do design como meu aliado.

É aquela velha história: teste cego de cerveja, ninguém adivinha o que tem dentro. O que as pessoas bebem é o rótulo e a imagem da marca, como vocês bem puderam comprovar em aula. Tem também o velho chavão do blind-test da Coca e Pepsi, onde ninguém acertava qual é qual.

Eu tenho um amigo que mantém um pote de ferro da Manteiga Aviação em casa. Aí, ele põe uma manteiga qualquer dentro e depois regozija-se ouvindo os convidados elogiando "Essa manteiga aviação, não tem nada igual, né?" - Eu vi isso acontecendo.

O meu plano: colocar o leite que jazia dentro da mamadeira intocada dentro do copinho de água dela, que é fechado e não dá para ver dentro. Certamente, o poder do design ia mexer com a cabecinha inocente da minha filha e ela ia tomar leite sentindo gosto de água.



Resultado?

Ela tomou meio gole, jogou o copo longe, olhou pra mim e disse "Água, água."

Moral da história:
Se num blind test você colocar geléia de figo no pote de Aviação, Fanta Uva na lata de Coca ou Sangue de Boi na garrafa da Kaiser, os resultados poderão variar.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Pergunta

Amigos, me respondam por gentileza, se possível for: um estudante de design tem que fazer quantas cadeiras antes de se formar?

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Eu e os pronomes demonstrativos

As pessoas vivem me fazendo perguntas.

"Felipe, o que tu acha disso?"

"Felipe, como tu me explica isso?"

"Felipe, podia me ensinar a fazer isso?"

"Felipe, como pode acontecer isso?"

"Felipe, é possível isso?"

"Felipe, como é que tu faz isso?

"Felipe, como funciona isso aqui?


E sabe o que eu respondo para essas pessoas?
"Depende do que tu quer dizer com "isso". Dá pra ser mais específico?"


O Mestre Cervejeiro

Vocês já pararam pra pensar na vida do Mestre Cervejeiro? Não, né? Então, da próxima que for reclamar da vida, pense na seguinte cena: depois de um dia inteiro de trabalho, provando caixas e mais caixas de cerveja para ver se está tudo bem e - sabe como é - fazer o controle de qualidade e tal, o mestre chega em casa. Cansado. Exausto. Querendo relaxar. Aí, o que ele faz? Decide tomar uma cervejinha. Uma só, para desopilar, tirar os problemas do trabalho da cabeça.

Aí, ele tá ali, tomando aquela cervejinha, sorvendo com sua sapiência de mestre, degustando mesmo, deixando suas papilas gustativas absorverem a mistura perfeita de lúpulo, malte e cevada.

Daí, no melhor do descanso, chega a mulher dele reclamando:
"Pô Peixoto, quantas vezes eu já te disse pra não trazer trabalho pra casa?"

Toma outra, Peixoto.

Design Minguante

Gente, acho que achei um erro na teoria do Design Inteligente.

Se esse tal designer inteligente é tão inteligente assim, me expliquem o seguinte: por que a lua crescente tem forma de "C", mas a lua minguante não tem forma de "M"? Hein? Hein?

Arrá!

sábado, 20 de outubro de 2007

Eu adoro volante bandido.

Uma das coisas que eu mais gosto na Perestroika é, como diz o Felipe, quebrar a matrix da turma. Porque no primeiro dia, a gente olha lá de cima e fica imaginando quem vocês são. Mesmo com os questionários, mesmo com aqueles cinco minutos de bate-papo na recepção da DCS, fica impossível tirar qualquer conclusão sem cair em preconceitos e estereótipos.

Com o passar das semanas, cada um vai se revelando. E é aí que a coisa fica bacana. O Lucas deixa de ser o filho da Helena. O Panichi deixa de ser o pinta que imita o Silvio Santos. Cada um se tranforma num cara diferente daquele neguinho do primeiro dia de aula. E invariavelmente essa nova pessoa é muito mais legal.

É nessa hora que a gente vê quem vocês realmente são.

O mercado publicitário nos induz a seguir um modelo que nem sempre combina com a gente. Temos que comprar na Mulher do Padre. Temos que cortar o cabelo no Sexton. Temos que andar de All-Star e Ipod. Ou não, mas daí vão olhar você dos pés à cabeça com um ar de reprovação. Justo o mundo da publicidade, que se diz tão mente aberta.

Não há nada de errado em gostar da AMP ou de All-Star. O errado é ser engolido por esse universo. Não é fácil ser pagodeiro num meio onde todo mundo gosta de música eletrônica. Não é fácil ser mauricinho quando todo mundo é hype. E se você é pagodeiro ou mauricinho, tenho certeza que vai concordar comigo.

O mais importante é ser autêntico. Porque você só consegue dizer coisas verdadeiras - seja na propaganda, seja na vida - se você for verdadeiro. Quando a gente vive um personagem o tempo todo, e só deixa o papel quando deita na cama, alguma coisa está errada.

Se o seu negócio é pagodão, desses bem bagaceiros, não tenha medo de assumir. Até porque, uma hora ou outra, isso vai ser uma puta vantagem competitiva para você. Já pensou, quando tiver que criar um jingle chicletão para a Eldorado? Tenho certeza que vai tirar de letra.

Seja autêntico. Os caras mais fodas que eu conheço são assim. E só são fodas porque são assim.

Eu adoro volante bandido, jogar poker, Jack Black, cafuné, almoçar sozinho, feijão com farinha, camisa de botão, humor negro, filmes de máfia, dar aula na Perestroika, minha mulher, a sobremesa do Constantino, as piadas do meu vô, Diogo Mainardi, conversar com estrangeiros, Buenos Aires, fazer churrasco ouvindo Sala de Domingo. Eu odeio dirigir, tirar fotos, casamentos, fazer a barba, trabalhar no final de semana, livros com mais de 100 páginas, frutas, verduras, inverno, morar longe dos meus pais, Cinema Novo, gente que dança no meio da rodinha, Faustão e luau com violão. E tudo isso, certo ou errado, eu tento colocar nos meus títulos e roteiros da maneira mais verdadeira possível. Porque essa conjunção de fatores, essa visão de mundo, é um privilégio só meu. Se eu conseguir tranformar isso numa coisa interessante, será impossível copiar.

Nesse sentido, um aluno conquistou meu respeito e admiração. Um cara que é bem resolvido, que não se intimidou nem pelos alunos, nem pelos professores. Que lida com as brincadeiras com bom humor, sem nunca esquentar a cabeça. E que, mesmo com todas as provocações, nunca foi capaz de nos xingar com um único palavrão.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Tenha sempre um plano B.

No último filme da trilogia Bourne, um dos fodões cita uma frase que eu sempre tive como lema, mesmo sem conhecê-la.

"Espere o melhor, mas prepare-se para o pior". Seja otimista, mas sempre tenha um Plano B.

Na propaganda esse é um exercício diário. É sempre importante fazer pensamento positivo. Mas nunca deixe de ter uma cartinha na manga, uma idéia na mocosa, caso dê tudo errado com o Diretor de Criação. Um título reserva, caso o cliente reprove na última hora. Um layout coringa, pra quando surgir um pit fura-pauta. Tenha sempre uma saída pela esquerda, porque surpresas numa agência de propaganda são tão comuns que nem surpreendem mais.

Por mais que você se planeje, por mais organizado que você seja, por mais que você preveja os acontecimentos, volta-e-meia dá merda. E normalmente quando a bomba está prestes a estourar, quem corta o fio vermelho é a criação. Veja o meu caso: entrei a madrugada por causa de um trabalho muito legal, mas que está queimadaço. Tô aqui, criando roteiro em cima de roteiro, porque amanhã não teremos chance de errar. Já devo estar no plano J.

Foda que, assim, faltou tempo para escrever um post inteligente no Blog da Perestroika. E daí, o que se faz?

Bom, daí você coloca um vídeo do novo Winning Eleven para Wii. Que não tem nada a ver com propaganda - mas é o jogo predileto de 9 entre 10 Perestroikanos.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

A mosca e a sopa.

Balada. Tentando tirar o atraso. Falo que sou publicitário. Banco de bacana. Vai que cola.

Mal sabia eu que, naquele exato instante, minha percepção sobre a profissão estava prestes a mudar.

- Que legal. Me conta uma propaganda sua. Uma que eu conheça.



A publicidade nos dá uma falsa sensação de popularidade. Porque o nosso trabalho está lá, na rua, no outdoor, no jornal, no rádio, na TV. Pra todo mundo ver. Só que ninguém dá bola. É cruel saber que a gente trabalha tanto e que, na maioria dos casos, as pessoas simplesmente viram a página. Nós somos a mosca na sopa.

Quando sai o nosso primeiro anúncio, a gente recorta, mostra pra família, emoldura, bota na pasta. Abre a Zero Hora, na página 18, e fica babando por um simples rodapé. E isso é muito bacana. Essa relação de criador-criatura, de Dr. Frankenstein, é fundamental. Temos que ter orgulho daquilo que fazemos, assim como uma mãe sempre tem orgulho do filho. Por mais pestinha que seja, por mais este-título-é-do-cliente que seja.

Mas não podemos nunca nos deixar iludir. A visibilidade do nosso trabalho é infinitamente menor do que parece.



Demorei muito tempo pra entender essa dicotomia. Mas não entender do tipo "ah, entendi". E sim o "ah, agoooooooooooooooooora entendi". Só no dia que uma mina qualquer, de uma noite qualquer, me jogou essa verdade na cara. Que os meus filhos não eram tão bonitos e inteligentes quanto eu gostaria que fossem.

A não ser que você tenha uma idéia realmente fantástica, ou que você tenha a sorte de contar com um plano de mídia poderosíssimo, a sua campanha tende a cair numa vala comum. E ao contrário do que possa parecer, este não é um privilégio dos iniciantes. Bem pelo contrário.



Quanto maior a exposição, maiores são os polices. Maiores são as verbas, maior o medo do cliente perder uma puta grana. Maiores os boards de aprovação, maiores as possibilidades de um aspone botar tudo a perder. Maiores as responsabilidades, maiores as chances de alguém bater nas suas costas e dizer "tem que ficar bom, hein?".

Quanto mais você cresce na profissão, mais difícil as coisas ficam. Menor a sua chance de chegar uma idéia verdadeiramente original.

Portanto, aproveite esse início da carreira para ser irresponsável. Para tentar o diferente. Para chutar o pau da barraca. Existe uma estrutura que protege você e que impede que as suas barbaridades saiam pra rua. Entretanto, essa mesma estrutura vai perceber se você fizer algo novo. Seja cobaia das suas próprias idéias.

Faça como o refrão do famoso filme da Schin. Experimenta.



É isso que nos dá fôlego. É muito fácil se entregar para o sistema. É muito fácil desistir e fazer o que só o que o cliente vai aprovar. Mas os comerciais memoráveis são fruto da revolta, e não da acomodação. Se você quer que as pessoas não virem a página, é preciso ir pra luta. Se você quer que todo mundo pare na página 18, o seu rodapé tem que ser o melhor do mundo. É fácil ser mosca. Difícil é ser sopa.

domingo, 14 de outubro de 2007

Lami's Next Top Model

Adoro reality shows. Tudo começou com os nacionais No Limite, Casa dos Artistas e BBB. Acho que, tanto do ponto de vista pessoal quanto profissional, sempre tive o hábito de observar as pessoas no dia-a-dia.

Não tardou para que eu virasse fã também dos programas gringos. Especialmente porque trazem assuntos diretamente associadas à criatividade e/ou propaganda. O Aprendiz, Hell's Kitchen, Project Runway, On The Lot, ih, perdi a conta.

Neste exato momento, estou acompanhando o Brazil's Next Top Model. O original americano foi muito bacana, tinha lindas modelos e profissionais do primeiro time. Dava pra ver o poder do dinheiro alimentando a indústria da moda, por vezes glamourosa, por vezes não. Mas a comparação com a versão brasileira é chocante. Mesmo com gente de gabarito, o programa brasileiro parece pobre. Até as modelos são meio barangas.



Esse parece ser um bom exemplo da diferença dos mercados publicitários de moda nos EUA e do Brasil. Mesmo com inúmeros talentos por aqui, o consumidor brasileiro não tem poder de compra para gerar uma indústria fashion. Nada mais natural que isso se reflita nas verbas de publicidade.

Há muitas marcas de moda no Brasil, mas pouquíssimas investem pesado na hora de anunciar. Porque é caro contratar uma modelo foda, um fotógrafo foda, um maquiador foda, para clicar numa locação foda. É papel do criador dimensionar bem isso. Ou o nosso layout, com a Gisele Bündchen, fotografada pelo La Chapelle no mar do Caribe vira a fulaninha desfilando todo seu charme às margens do Lami. (Aula do Rafa)



Mais: para fazer volume, para vender para todas as classes, para fazer a máquina girar, a comunicação precisa ser bem menos sofisticada do que aquela que costumamos ver na Vogue. O que o Brasil consome não é o que nós consumimos. Os produtos que gostamos não são os mesmos que a Classe C curte. (Aula do Márcio)

Onde eu quero chegar? Que as nossas referências, que as coisas legais que vemos, que as novidades que acompanhamos pelo Youtube são a ponta do iceberg. E que não adianta simplesmente adequarmos isso para uma população que gosta de Zorra Total. É preciso quebrar a matrix, entender o que essas linguagens têm de legal e, aí sim: adequar para um formato mais popular. (Aula do Felipe)



Moda é foda. Cansei de criar campanhas que ficavam lindas no papel. O cliente aprovava, rasgava elogios - mas só até chegar o orçamento. Então cortava o Caribe, cortava o fotógrafo, cortava a modelo. Não sobrava nem dinheiro para a fulaninha no Lami. Nessa hora, ele pedia meio envergonhado: "não dá pra estourar o produto e colocar um título?". (Aula da Tiago)

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Tropa de Elite x Cidade de Deus

Encarei uma sessão lotada. Tive que sentar na primeira fileira. Tudo para suprir a minha curiosidade. Afinal, duas pessoas tinham dito que Tropa de Elite era melhor que Cidade de Deus. Até o ranking do IMDB (imdb.com), que sempre faço questão de consultar, confirmava isso. E quando você considera Cidade de Deus um dos melhores filmes da história, a expectativa passa a ser das maiores.

Não vejo novelas, acho que a trama demora muito a se desenrolar. Por isso, não tive a oportunidade de acompanhar a grande atuação do Wagner Moura como o vilão Olavo, sucesso de público e crítica, responsável pelo recorde de audiência da Globo em 2007.



Mas não tenho medo de afirmar que, como Capitão Nascimento, ele está muito melhor. É daquelas personagens que valem o ingresso. Entretanto, não é suficiente para alçar Tropa de Elite ao patamar da obra-prima de Fernando Meirelles. É só fazer uma rápida análise da parte técnica (direção, fotografia, roteiro, edição, figurino, trilha) pra ver que Cidade de Deus é de outra turma. Pra falar bem a verdade, nem achei Tropa de Elite grande coisa - mas essa é só a minha opinião.



Partindo desse pressuposto, a pergunta que me fiz foi: como o filme conseguiu um buzz tão positivo?

Alguns dizem que foi casualidade, outros que foi planejado. Mas o vazamento, que desencadeou mais de mais de 3 milhões de cópias piratas, agiu como um legítimo viral. E aí, nascia a melhor propaganda que um longa metragem pode ter: o boca-a-boca. Ou você acha que alguém que se presta a baixar o filme e assisti-lo antes da estréia vai ficar quietinho depois? Claro que não: ele vai contar para todo mundo que já viu. E que gostou.



Explico.

Sempre defendi a tese que as pessoas normalmente elogiam aquilo que conhecem com antecedência. Quem viaja a um país exótico, costuma falar bem. Quem é convidado para a inauguração de uma nova balada, geralmente paga-pau. E até numa exibição de filmes publicitários, quando alguém já viu o comercial que está passando no telão, fala "Ah, esse é muito bom!". Repare.

Isso faz parte da essência humana. Se você tem acesso a algo restrito, é natural que valorize. Voltando ao exemplo da balada: se você foi convidado para a inauguração do lugar, e diz "fui e o pico é muito a fudê", você é um privilegiado. Agora, se você responder "tava uma merda", passa por trouxa.

Acho que está aí o fenômeno Tropa de Elite. Um grande case de comunicação. Que até pode ter sido sem-querer-querendo. Mas eu, desconfiado do jeito que sou, acho que os movimentos foram friamente calculados.

*****

E você, concorda? Também acha que foi tudo planejado? Gostou do filme? Quem é melhor? Tropa de Elite? Cidade de Deus? Ou será que foi Paraíso Tropical? Deixe sua opinião nos comentários.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Documento histórico. Ainda sobre o Marco Loco.

Sempre acreditei que por qualquer lugar que as pessoas passem
elas têm que fazer história. Pra mim, é pensando assim que se faz coisas relevantes.
Há mais ou menos 10 anos, o Marco entrou na Escala e mostrou essa ilustração como portfolio. Nesse dia ele começou a fazer história lá.



Não sei como, mas ainda bem que deram estágio para ele.
E também não sei por que, pedi uma cópia da ilustração de presente.

Hoje tenho certeza que ele entrou lá porque conquistou todo mundo com o carisma, a espontaneidade e principalmente pela originalidade dele.
Foi a úncia pessoa que mostrou uma pasta diferente das que todos estavam acostumados a ver. Foi quem trouxe coisas novas.

Onde que eu quero chegar com esse post? É o seguinte: sejam sempre originais, façam coisas que nunca foram feitas. Hoje entendo que aquela ilustração mostrou coragem, personalidade e uma boa dose de cara-de-pau.

Um portfolio que começou com um desenho de brincadeira, agora tem trabalhos de cliente como Adidas, PlayStation, Apple, Absolut e Pedigree, que são o sonho de qualquer criador.

Por algum motivo (talvez inconscientemente eu sabia que aquele guri ia longe), guardei o presente até hoje.


PS: Marco, se por acaso você ler o post,
um abração e muito boa sorte na Alemanha.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Tá ficando tiozinho.



Hoje é aniversário desse querido professor de vocês.
Ele é sempre bem exigente, mas se vocês mandarem recados queridos, talvez as notas dos trabalhos melhorem.

Feliz aniversário Tiago.
Rafa, Felipe e Márcio

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Alguma coisa estranha



Semana passado fui ao Rio de Janeiro para um trabalho.
Notei que alguma coisa estava diferente quando entrei em um táxi e o assunto era um filme, quando entrei em uma padaria e o assunto era cinema, quando passei por funcionários da prefeitura (esses que fazem obras nas ruas) e o assunto continuava sendo um filme.

Ainda não vi, mas a quantidade de cópias piratas que circulam no Rio é impressionante. Número tão grande que já é campeão de vendas em DVD’s piratas. O que obrigou a adiantar a estréia do filme para esse último final de semana. Por aqui, a estréia é dia 12 de outubro.

O filme conta a história de Nascimento, capitão da Tropa de Elite do Rio de Janeiro que tem o trabalho de comandar o grupo em missões no morro.
Ele está com a mulher grávida e vive o conflito diário se vai voltar para casa no fim do dia. Essa é apenas uma parte da história.

Esse era o assunto no Rio.
E para o Rio de Janeiro não falar em praia, nem em futebol e o assunto ser um filme brasileiro é porque ele deve ser bom.
Tropa de Elite. Missão dada é missão cumprida.

domingo, 7 de outubro de 2007

EMILIANO, MARCO LOCO E ÍCARO

Na última aula, apresentamos duas entrevistas muito legais - feitas exclusivamente para a Perestroika. Emiliano Trierveiler e Marco Loco Bezerra, dupla gaúcha que está na TBWA/Berlim e atende contas como Adidas, Apple, Absolut Vodka, Pedigree e Playstation. E Ícaro Dória, atual diretor de criação da Saatchi&Saatchi/Nova York - com apenas 27 anos, um verdadeiro fenômeno.

Muita coisa legal foi dita, mas achei bacana registrar no Blog os recados que eles passaram para os alunos.

Ícaro Dória:

"Sejam ingênuos o suficiente para acharem que vão revolucionar a propaganda e sejam humildes o suficiente para saberem que ainda não revolucionaram a propaganda."

(A piada que o Márcio fez em aula pode ter deixado muita gente na dúvida, mas a entrevista foi feita DE VERDADE, e é exclusividade da Perestroika DE VERDADE.)



Emiliano e Marco Loco:

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

PERESTROIKOS NO CCSP

Quanto orgulho! Tiago Ferrari e Felipe Lermen, da Turma 1 da Perestroika, acabaram de emplacar no site do Clube de Criação de São Paulo dois spots bem legais produzidos para Traça Livraria e Sebo. Parabéns e saudações bolcheviques.

E fica agora a pergunta: será que a Perestroika ajudou de alguma maneira?
E aí, guris?

Para conferir as peças, acesse http://ccsp.com.br/novo/?c=A&p=2#nav

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

FOI LÁ E FEZ

Eu tenho a impressão que quanto mais tempo a gente leva pensando, menos tempo a gente se envolve fazendo. Claro, pensar e planejar é importante, nem vou entrar muito nesse mérito. O que diferencia o ser humano de todos os outros animais é justamente a capacidade de raciocinar. Mas, talvez, o que diferencie uma pessoa de todos os outros seres humanos seja a capacidade de realizar.

Já vi muito departamento de planejamento de agência, e às vezes a agência como um todo, gostar de ficar intelectualizando, questionando, ruminando, pensando e repensando. Uma punheta mental que às vezes até gera um trabalho bem esclarecido, bem defendido. Mas que nunca funciona muito quando colocado em prática.

Se até as regras da física que a gente aprende no colégio são para abstrair e não funcionam na prática como nos livros, imagina no universo da imaginação e criatividade, onde as bases são bem mais subjetivas e abstratas.

Acho que se o Ronaldinho pensasse muito, não tentaria fazer os dribles maravilhosos que ele faz. Quem pensa muito, não pula na piscina porque a água tá fria. Quem fica pensando muito, sempre pede mais uma cerveja antes de chegar na mulher que já tá encarando há mais de 10 minutos. Só pra ver um outro filho da puta chegar e levar a mina (é só um exemplo, não que tenha acontecido comigo). Se tu parar pra pensar em todas as conseqüências possíveis, provavelmente tu não vai entrar vestido de vaca numa sala de aula. Se tu parar pra pensar, já tem tanta faculdade de comunicação e publicidade, ninguém vai querer fazer a Perestroika.

Se tu parar pra pensar, vai ver que todos os teus projetos geniais ficam guardados na gaveta porque no fundo tu tem medo do que pode dar errado. De tentar fintar e perder a bola. De tomar um fora. De os alunos te tirarem pra trouxa. Mas a grande verdade, a grande verdade que eu acredito, pelo menos, é que a linha que separa a genialidade do fiasco é muito fina. Muito tênue. E que as poucas pessoas que se arriscam a andar em cima dessa linha, podem cair pros dois lados.

Mas passar um pouco de vergonha ou de frio não é nada perto da recompensa de ser realmente genial.

Lembrem-se que até mesmo os grandes pensadores também tinham que ser grandes escritores. Pense nisso. Mas só um pouquinho, tá?


Novo Sony Bravia

Lembram do post que colocamos há um tempo? Pois aí está.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Telhado de vidro.

Tá, vou falar. O tempo no aerporto agora me provocou a escrever este post sobre a minha impressão da tãaaaaaaaaaao falada loja na Apple na 5th avenue.

Sinceramente, não achei tudo isso que falam. Me decepcionei.

Tá, meio forte isso. Olhando de fora se tem uma impressão animal do lugar. Diferente de tudo. O conceito da transparência/acessibilidade é bacana, tem tudo a ver com a marca.

Quando se percebe que a loja é de vidro e que TODA loja tem vidro no projeto, fica ainda mais fantástica. A idéia estava aí picando pra qualquer um. E como ficou bacana: uma caixa transparente, assim, no meio da rua. A mesma matéria-prima de uma vitrine pensada de outro jeito. CLARO QUE CHAMA ATENÇÃO e você fica louco pra entrar.




Mas fica nisso a inovação da loja. Por dentro, ela não é nem um pouco diferente de NENHUMA outra loja da Apple, que são muito simples no seu projeto de arquitetura. E isso me frustrou pela embalagem que vi de fora. Achei que aquela fosse "a" loja conceito das lojas-conceito da Apple.





Vou tentar explicar melhor pra não apanhar de nenhum macmaníaco.

A primeira vez que entrei numa loja da Apple achei, sim, muito legal. Todos os produtos expostos pra pessoa chegar lá e mexer sem ninguém encher o saco. Se quiser ver os emails pode, se quiser testar os softwares, pode, tem o Genius Bar, um lugar onde nerds especialistas em MAC ficam à disposição pra tirar dúvidas. Inovador pra caramba. Ainda mais há 4, 5 anos. Músico fazendo demonstração do software de edição musical, fotógrafo mostrando tratamento de foto, fulano de cinema editando material ao vivo no Final Cut. Saí de boca aberta da loja, em Londres. Mesmo.

Pois cheguei agora em NY e saí correndo pra lá (cheguei ao meio-dia, só podia entrar no quarto às 15h). "Putz, que show", quando cheguei na esquina e avistei. O que eles aprontaram agora, eu pensei?! Tinha até fila pra entrar. Só que cheguei na loja e nenhuma inovação em relação às demais. Pelo contrário. A loja do Soho é maior e mais legal por dentro. O auditório é mais bacana. E não tem fila pra entrar! Enfim. Acho que tinha criado uma expectativa enorme e por isso me frustrei.

Mas o iTouch compensa. E como. Tanto que pra testar o Safari me prestei a escrever este post catando milho no tecladinho da tela. Sim. O iPod Touch tem internet. E o americano agora pode comprar música online a direto desse negocinho. Não me resta dúvida: a loja inovadora da Apple é essa.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

MULHER QUE FUMA DÁ

Logo que entrei na faculdade, ouvi um veterano dizendo essa frase. Na hora, dei uma risadinha discreta e deixei para lá. Mas foi só um ou três anos depois, quando eu contava essa história para um dos editores do NOVENTAECINCOBARRAUM, um famigerado e extinto fanzine porto-alegrense, que entendi que, apesar do conceito absurdamente machista, a frase tinha um certo sentido.

Acho que é porque no nosso inconsciente coletivo existe uma organização/orientação hierárquica das coisas. Tipo uma coisa ser pré-requisito para outra: quem toca guitarra sabe tocar violão e arranha no contrabaixo, quem toca teclados, com certeza vai saber tocar piano, quem curte Sepultura não vai achar o som do Raimundos tão pesado. Assim como quem fuma geralmente bebe, quem cheira cocaína deve queimar unzinho pelo menos de vez em quando. Você não acharia estranho se conhecesse uma pessoa que tivesse um piercing no nariz e fosse preconceituosa com pessoas que usam brinco na orelha?

A relação entre cigarro e sexo existe e isso é inevitável. Não é apenas caricatura ou estereótipo que nas novelas, filmes e nas tirinhas do Laerte um dos amantes acenda um cigarro logo depois uma bela trepada. É um símbolo fálico e deu, porra do cigarro.

Desde o começo do desenvolvimento da indústria tabagista, no início do século, que fumar é símbolo de status, sinônimo de graça, beleza, sensualidade e, por conseqüência, virilidade (vide Humphrey Bogart em Casablanca).

Nos anos 60, com o advento da tríade “sexo drogas & rock n' roll”, essa relação se estreita mais ainda. Ou vai dizer que a associação entre Aerosmith, Marlboro, overdose, Raul Seixas, ácido, Mutantes, heroína, promiscuidade, Grateful Dead, putaria, TNT , bira, Janis Joplin, suruba, vodca, Jimi Hendrix, homossexualismo, beck, Rolling Stones, Cascaveletes, LSD, Led Zeppelin é à toa? Rock e sexo, drogas e sexo, rock e drogas... é uma teia de relações real.

Não adianta negar. Tá meio batido, mas sexo, drogas e rock n' roll continua até hoje sustentando a imagem de rebeldia e inconformismo a que os adolescentes gostam de estar associados. Rebeldia é a palavra. A maioria das fumantes começam a fumar na adolescência, isso é fato. São sinais que as pessoas tentam transmitir. A mina que tá fumando, queira ou não queira, está passando um sinal: "Olha só. Eu fumo. Presta atenção nos meus lábios abraçando carinhosamente esse cigarro. Olha a sensualidade da minha língua encostando nos meus dentes enquanto eu trago. Olha o meu olhar espremido e sexy quando eu solto a fumaça. Meus pais não gostam que eu fume, mas eu gosto de fazer as coisas que meus pais não permitem. Eu gosto de fazer as coisas escondidas. Eu gosto de segredo, de aventura. Eu sou assim mesmo. Essa coisa meio rebelde, meio selvagem, meio instintiva...Vem fazer sexo animal comigo.“

Não estou tentando provar que essa frase é verdadeira. Só quero dizer que faz sentido. Só quero dizer que, na dúvida, é mais provável conseguir alguma coisa perto de sexo com uma mina que fume do que com uma que não fume, não beba, não dance, não se maquile, use saias abaixo do calcanhar e que vá na Igreja todos os dias (apesar de eu conhecer umas minas que não fumam e que já deram).

É um raciocínio simplista? É. É sexista? É. É chauvinista? Mais ou menos. Está todo errado? Pode até ser. Mas que faz sentido, ahhhhhhhhhhhhh, isso faz.

Assinado,
Meleca - turma 103.

Boca no chão.

Ontem fiquei babando durante quase duas horas vendo Woody Allen tocar. Das coisas mais incríveis que vi na vida. Não sei se embalado pela admiração que já tinha pela figura, ou pelo show de jazz fantástico mesmo. Mas tudo faz mais sentido depois disso. E fica da experiência uma coisa óbvia: você só vai fazer alguma coisa interessante na vida, se tiver alguma coisa interessante dentro de você.

O cara não é só um puta diretor. Longe disso.