Durante o último mês, recebi de milhares de emails com dois links do Youtube. Um com um comercial da Adidas para as Olimpíadas de Pequim. Outro, com um comercial criado por mim, pelo Rafa, pelo Beto Callage e pelo Régis Montagna, para Olympikus.
A maioria das pessoas, quando me escrevia, já fazia questão de acusar os chineses de chupadores. Talvez na tentativa de me consolar. Mas mal sabiam eles que, pelo menos a mim, essa coincidência não afetava em quase nada.
Eu, assim como grande parte dos criadores da minha geração, me deparo com esse tipo de situação no mínimo uma vez por mês. Alguma idéia nossa, reproduzida de forma idêntica por outra agência, que ou entrou na Archive, ou foi premiada em Cannes, ou no CCSP. E não é porque a gente é foda. Não me sinto nem melhor, nem pior por isso. As coisas simplesmente são assim.
É por isso que, quando esse tipo de coincidência acontece, eu não fico nem feliz, nem triste. Durante um longo período da minha carreira, eu ficava eufórico por ser "tão bom quanto os caras da Crispin Porter". Ou puto porque "o cliente ficou se enrolando para aprovar, agora deu nisso." Hoje eu simplesmente volto para a minha pilha de folhas em branco e começo tudo de novo.
Eu não acredito em chupada. Não consigo imaginar um criador experiente falando para a sua dupla: "Meu, e se a gente copiasse aquela idéia escondida naquele seu anuário espanhol que ninguém conhece?". Ainda mais sendo alguém da Crispin Porter, ou da 180 Amsterdam, ou da BBH, ou da Abott, Mead e Vickers.
Impossível.
O próprio termo "chupada" cai em desuso entre esse grupo de criadores experientes. Com o passar do tempo, percebi que essa gíria quase nunca é utilizada por diretores de criação. Acho que essa galera já se deu conta que a coincidência de idéias não acontece de vez em quando. Acontece SEMPRE.
Isso é bem mais comum na gurizada. Um dos motivos é que eles ainda não viveram esse tipo de situação. Ou se viveram, não viveram um número suficiente de vezes para entender que é mais comum do que parece.
Outra coisa: o banco de dados de um estagiário ainda está se formando. Ele está enchando o HD com referências de layouts, por exemplo. Layout 1, Layout 2, Layout 3, Layout 4. Daí, quando ele chega lá no Layout 237, percebe que é muito parecido com o Layout 188. É natural que a primeira reação seja dizer que é uma chupada. Mas normalmente não é.
E por último, porque é uma forma de se afirmar no grupo. Quando você está numa rodinha de amigos, e alguém mostra um comercial, e você retruca dizendo que é chupado, está demonstrando ter um conhecimento que os outros não têm. Muitas vezes, o que essa pessoa gostaria de dizer era "eu conheço um comercial bem parecido com este e, pelo visto, vocês não".
A nossa ex-aluna Gabi Elias mandou esses dois sites, que eu achei fantásticos. O primeiro, porque reforça exatamente essa tese. E o segundo porque, mesmo insinuando a chupação em determinadas situações, a recorrência prova o contrário. É evidente que, na maioria das vezes, as coincidências acontecem simplesmente porque acontecem.
http://www.coloribus.com/admirror
http://www.joelapompe.net
A Estação da Propaganda tem uma sessão também interessante, que mostra até algumas "chupadas clássicas".
http://www.dpto.com.br/chupadas
Eu não acredito em chupada. Nunca vi ninguém copiando deliberadamente uma idéia publicitária de terceiros. Nunca ouvi falar de algum amigo, colega ou conhecido que tenha feito isso.
Mas é como aquele ditado famoso. "Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay".
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
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¡que hay, hay!
é coincidência. eu acredito na bondade humana.
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