Blog da Perestroika

domingo, 16 de março de 2008

Língua Portuguesa

A viagem do Tiago me fez lembrar de um post que queria ter escrito na volta de Lisboa. Como não é sobre a viagem em si, ainda tá valendo.




Curti muito a cidade, bateu diferente em mim. Tem cara de lugar pra morar. Do tamanho certo, parece: com tudo de legal que São Paulo tem (restaurantes, lojas, bares, música, teatro) MENOS 15 milhões de habitantes.

E acabei gostando pra caramba também da língua que se fala lá, o português. A meneira como eles tratam o idioma local é diferente da forma como tratamos o nosso. Mais esperta, mais natural. Pois vejam que prestar atenção no nome das ruas, lojas e restaurantes era um dos prazeres da viagem:





E acabei criando uma teoria: de que nós fomos colonizados, na verdade, pelos americanos. Sim. Não sei em que ano, como e por quem. Mas é fato. Temos muito pouco da nossa matriz portugal. Parece que falamos português por um azar do destino. Uma pena, olha só:





Muitos de nós tem a tendência a achar o inglês mais sonoro na hora de pensar um nome para alguma coisa. Não entendo de fonética ou lingüística, mas adoro lógica. E tendo a crer que só achamos o inglês familiar, antes de mais nada, porque ele está BASTANTE presente na nossa vida. Se estivesse distante, mesmo que tecnicamente possa ser fato, pareceria estranho, certo? Muito mais para o alemão e holandes do que para o italiano ou espanhol, concorda?



Parte é a tal globalização, sim. Mas a gente dá uma forcinha, né Internet Banking?

Então venho, sem querer dar uma de nacionalista ou coisa parecida, colocar uma luz na discussão deste assunto. Somos publicitários, trabalhamos com comunicação, com marcas, e interferimos diretamente nisso. Não estou dizendo que é OBRIGAÇÃO escrever tudo em português daqui pra frente. Capaz. Essa coisa de transformar em lei e tal não é comigo. Mas o meu ponto de vista é que, numa profissão cheia de follows, pitchs, layouts, brains, Archives, stoping power, YouTube e prints, alguns esquecem que a nossa língua é linda, rica e cheia de possibilidades.

Perceber é simples. Basta estar em contato com coisas bem escritas. E prestar atenção no som, na construção das palavras. Não precisa ser Machado de Assis. Nem um livro. Tropa de Elite tá valendo, pra já entender a riqueza de possibilidades. Vinícius de Moraes e Fernando Pessoa, óbvio. Mas duas pessoas próximas de mim também fazem isso: Cláudia Tajes e Daniel Galera. Opções não faltam, mesmo.

Então fica a idéia. Quando tiver que pensar em um nome para alguma coisa, conceito novo pra marca chique, pense se REALMENTE o caminho é em inglês. Esqueça ilha de Bali, praia da frança ou bairro de grande metrópole também. Fico pensando, por exemplo, no turista americano que vem pro Brasil e quer ir num bar legal. No hotel indicam o Soho. Pô! É questão de personalidade. Hello! Da busca por coisas autênticas. Temos o que contar. Toda marca, toda empresa tem algo legítimo, que inspira. E, pode ter certeza, é o que vai fazer a diferença na construção de uma marca.

Que O Escondidinho inspire. Fica ali na Travessa do Cotovelo.


3 comentários:

g!panichi disse...

Faz tempo que não comento. Mas neste eu preciso. Concordo veementemente com o post. Digo, com a postagem. Acho a língua portuguesa bem escrita linda, poética e cheia de opções maravilhosas de construção. E a nossa língua gaudéria mais ainda.

Mas "O Escondidinho" ali vem logo seguido de um "Snack bar".

Tiago Ferrari disse...

Concordo com o post e com o panichi. Acho a língua portuguesa linda. Às vezes parece complicada, mas é justamente a riqueza de construções e possibilidades que a torna tão fabulosa.
Abraço.

Bruno Pommer disse...

O que acontece, acho, é que a gente tem desde sempre uma idéia de que o que é importado é necessariamente melhor. Muitas vezes é mesmo, mas isso não vem ao caso agora. O que interessa é que com isso, ajudado pelo analfabetismo que impede boa parte dos brasileiros de ler português mesmo, faz com que qualquer coisa em língua estrangeira seja considerado "chique", elegante.
O inglês é o que mais sobra por aí, mas tem outras línguas que são meio estereótipos de áreas específicas, tipo italiano pra área de móveis. Sinceramente? acho MUITO mais bonito "Vivenda" do que "Creare".