Blog da Perestroika

quinta-feira, 5 de junho de 2008

A glamourização do atendimento.

Demorou um pouquinho mas saiu. E saiu Padrão Iogurte.
Aqui abaixo, você confere o primeiro post powered by o curso de Gestão de Contas da Perestroika. Agora, a discussão fica mais ampla. O sarrafo vai mais para cima, e o furo mais para baixo.

Acreditamos que o produto criativo de excelência e a reciclagem da atividade publicitária passam por uma rediscussão mais ampla, que englobe muitas outras áreas e atividades do mercado de propaganda e de comunicação. É esse o passo que estamos dando hoje.

A partir de agora, passamos a contar com a participação constante do grupo de Gestão de Contas em nosso blog. Leia, opine, discorde, comente. Queremos a sua participação constante também.

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“O atendimento é a ponte entre agência e cliente.”
(Resposta mais comum ao nosso questionamento sobre o papel do profissional para as aulas da Perestroika.)

Me preocupo quando percebo o quanto um dos mais antigos e importantes setores da agência tem hoje seu papel limitado ao de um ‘interlocutor’. Quando percebo que a maior expectativa em relação a sua contribuição está em não atrapalhar a comunicação entre duas pontas.

E o pior é que o receio tem origem e tem razão. Interpretações equivocadas sobre o pedido do cliente ainda são um dos maiores motivos de retrabalho. Problema que vem sendo resolvido ao se levar a criação nas reuniões de briefing. O que se tornou mais habitual do que permite a pauta dos criativos. E altamente prejudicial para as já pessimistas especulações sobre o futuro do atendimento.

Como chegamos a um esvaziamento tão grande do seu papel?
Teriam as agências substituído executivos renomados por gostosas acéfalas e esse movimento teria gerado o preconceito com o departamento?
Ou a descrença em relação à contribuição estratégica desse departamento teria afastado dali as formas pensantes de vida?

Sabemos que nenhuma das afirmativas é verdadeira. Esse departamento se torna mais estratégico do que nunca em um momento em que o cliente espera mais resultado e menos ‘festa criativa’. Porém essa miopia em relação ao seu papel mais ‘recreativo’ do que pensante está afastando muitos bons profissionais. Pessoas capazes de contribuir exatamente com o que o cliente mais espera das agências hoje: precisão estratégica nas ações de comunicação.

E o mais injusto é que nem a parte da recreação é verdadeira!
A maioria das almas mais criativas e inteligentes de atendimento morrem sufocados em pilhas de PITs e clipagens perfeitamente organizados e engavetados para nunca mais serem consultados.

Enquanto isso, a estratégia ‘Top of Mind = Top de Vendas’, ‘portanto invistam pesado em mídia e idéias muito ousadas criativamente’ cai por terra. E com isso a hegemonia de criativos em reuniões com clientes.

Com o já desbotado de tão citado ‘aumento da competitividade’ e conseqüente busca desenfreada por redução de custos nos clientes, surgiram as auditorias avaliando o retorno de todos seus investimentos, inclusive de comunicação. Surge então uma preocupação de “garantia de resultados” das campanhas que a criação não estava preparada para responder. Bom, então seria esse o momento de resgatar o papel estratégico do atendimento, certo?

Errado. Nunca se contratou tantos profissionais de planejamento como nesse momento! (O que é bastante pitoresco considerando que todas as agências sempre tiveram departamentos de planejamento by the way...)

E mais irônico ainda é saber que: um, uma quantidade incrível desses profissionais veio do atendimento; e dois, o planejamento foi criado para conectar cliente e, especialmente, criação com o consumidor. Planejadores deveriam, por origem, entender tudo de gente e de comportamento de consumo e não de business.

Mas, no fim do túnel sempre existe uma luz. A maioria das agências continua com muito mais profissionais de atendimento do que de planejamento. (Seria esse um sinal de sua relevância?) Além disso, planejadores continuam trabalhando com pesquisa e buscando insights dos consumidores para a criação. Ou seja, ocupados demais e, muitas vezes sem vontade ou formação para falar de negócios com os clientes.

Atendimentos: é agora ou nunca! Levantai-vos! Uni-vos! Parai de roubar a Caras da mídia nas 6as feiras e passai a roubar a Exame, a Gazeta e o Valor!

Tornai-vos relevantes no processo!

De nossa parte, apoiamos o movimento de ressignificação do departamento sugerindo uma mudança de nome. Gestão de Conta parece muito mais adequado a um profissional que deveria pautar seu dia garantindo a melhoria continua de resultados da conta. Atender as necessidades do cliente é o produto do trabalho de todos departamentos. Porém só um departamento pode enxergar e administrar todas as ações direcionando elas para a melhoria efetiva de performance do cliente.

Aliás, o planejamento pode e deve decifrar quais são as demandas do consumidor. Mas, somente o atendimento tem o convívio necessário com o universo do cliente para decupar quais são os resultados mais importantes de cada ação.

Além disso, acho que fica bem melhor na foto falar para os avós que a pessoa é Gestor de Conta do que Atendimento. Termina aquele problema chato pra caramba da família inteira achar que ela não deu certo e tá fazendo bico de garçom. Isso sim é importante para glamourizar o profissional.

É isso que a gente acredita na Perestroika. E é assim que pretendemos formar uma primeira geração de gestores de conta. Ou, se preferir, atendimentos Padrão Iogurte.

4 comentários:

Anônimo disse...

Agora esse Blog ficou imbatível.

diego Haupenthal disse...

matou a pau!
:D

Let's disse...

“O atendimento é a ponte entre agência e cliente.”

Já dizia McLuhan:
o meio é a mensagem, hehehehe...

Anônimo disse...

Como profissional de Relações Públicas formada que trabalha como atendimento considerei o texto muito pontual. Afinal, após ter migrado de PP para RP por gostar da área de Planejamento muito fui alvejada por colegas! Sempre tive esta visão e fiquei muito surpresa em observar que Publicitários estão seguindo esta tendência de gestor. Na PUCRS o professor Roberto Porto Simões além da Margarida Kunsch (USP)conduzem a atividade de Relações Públicas desta forma. Gestor organizacional Político, onde se aplicam as relações de poder ou seja Relacionamento.

Parabéns pelo texto.
att,
Priscila Gauto.