Blog da Perestroika

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Viva a mosca.

Eu estava há duas semanas na agência. Era meu primeiro trabalho grande na DCS. E se pensarmos que eu nunca tinha me envolvido com uma verba desse tamanho, até dá pra dizer que era o primeiro trabalho grande da minha carreira.

Sabia que tínhamos que chegar numa idéia poderosa, atemporal, capaz de fazer diferença na história da marca.

Era um trabalho grande, mas tinha que terminar como um grande trabalho.

Foi então que, depois de vários brains, surgiu a mosca. Desde o primeiro momento, sempre acreditei muito na idéia. Era um roteiro que tinha tudo para render um bom filme. Ação, humor, esporte, suspense, uso inusitado de personalidade, desempenho. Estava tudo ali e tudo funcionando muito bem.

Claro, eu também tinha noção de que não era o maior comercial da história da propaganda. Mas era o maior comercial da minha história. E isso já era muito.



Desde que foi aprovado pelo cliente, eu já pensava na campanha do ano seguinte. Já pensava na Mosca II. Eu realmente acreditava que a personagem era carismática o suficiente para merecer uma seqüência.

Depois de muita discussão - e de mais de mil sinopses de roteiros - a mosca sobreviveu. Meio aos trancos e barrancos, com histórias curiosas que poucos conhecem.

Por exemplo: no Mosca II, a primeira decisão foi inverter o papel do protagonista. Ele passaria de perseguidor a perseguido. Mas como a mosca não era um bicho muito amedrontador, a substituímos por uma abelha.

O curioso é que, até o último momento, até horas antes da apresentação, o filme não tinha mosca. Não tinha mosca! Mas como acreditávamos no personagem, conseguimos encontrar uma solução para encaixá-la no final do roteiro, de forma que tudo ficasse amarradinho. Hoje, olhando o comercial, parece que foi criado do fim para o início. Mas foi exatamente o contrário.



Então, pela terceiro ano seguido, de novo aos trancos e barrancos, conseguimos emplacar a mosca mais uma vez.

Fico muito feliz de ver a saga com um terceiro episódio. Me sinto ajudando a construir (junto com todas as pessoas que participam desse processo: Rafa, Márcio e todos os outros co-criadores) um momento importante da marca. Me sinto um publicitário de verdade. Que faz propaganda de verdade, para uma empresa de verdade e com resultados de verdade.



Propaganda é soma. Se nós conseguimos agregar coisas boas com a mosca, por que jogar tudo no lixo e tentar outra vez, com outro apelo, com outra abordagem? Que pode, inclusive, não dar certo? Quantas campanhas famosas são feitas assim, com continuidade? Comerciais que foram sucesso e que, por isso, tiveram seqüências para aproveitar o recall positivo?

Sempre ouvi que "a Guiness construiu uma marca porque diz a mesma coisa há décadas. O The Economist construiu uma marca porque diz a mesma coisa há décadas". Aí, na hora que nós temos de dar continuidade, não seguimos a receita que tanto idolatramos.

Felizmente, conseguimos escapar dos inseticidas e dos mata-moscas. Ela está aí, para continuar incomodando o nosso protagonista. E, se der tudo certo, para continuar incomodando a concorrência.

5 comentários:

Guile Grossi disse...

Muito afude, parabéns. Fizeram um troço pra nenhum Jeff Goldblum botar defeito.

Anônimo disse...

Esse é o resultado daquele post sobre o dia com o Sérgio Amon né? Afude.

Ficou muito bom!

Skell disse...

os perestroikos são foda!

Tuts disse...

parabéns a todos! O humor dos filmes da olympkus é muito foda, eu gosto muito!

Gabi Elias disse...

Desde que li o post do Amon, quis muito ver o resultado. Vi na TV, mas rapidinho, não deu pra ver o cara correndo no parapeito.
Agora vi. Ficou demais.

Parabéns a todos. =D