"Apenas 25% da população brasileira entre 15 e 64 consegue ler e escrever plenamente. Os outros 75% apresentam muita dificuldade ou nenhuma habilidade na leitura e na escrita. É o que atesta a terceira pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) no Brasil sobre analfabetismo funcional e absoluto.
Entre os dois mil entrevistados, 68% são analfabetos funcionais, isto é, apresentam dificuldade em interpretar textos e não têm muita habilidade na escrita.
Uma pequena melhora foi notada entre o grupo do nível dois de alfabetismo, formado por pessoas capazes de ler textos curtos e localizar algumas informações. O aumento de 34% para 38% reflete uma melhora no ensino fundamental no Brasil. A prova aplicada pelo Instituto nos pesquisados tinha 20 perguntas sobre família, estudo e hábitos de leitura e escrita.
Os outros níveis de ensino da leitura e escrita abordados pelo Ibope mantiveram os índices da última pesquisa, realizada em 2001 pelo Instituto. O nível rudimentar, em que a pessoa consegue ler títulos e frases isoladas, manteve os 30%. Já o nível pleno continua com os mesmos 26%."
Essa reportagem foi publicada em setembro de 2005. Foi capa da Zero Hora. Além de sublinhar uma realidade triste da nossa sociedade, reforçou a posição dos que acreditam que ninguém lê título. De que ninguém lê texto publicitário. E de que os poucos que lêem não entendem.
Ora, não vamos nos deixar iludir. É óbvio que a minoria absoluta das pessoas perde tempo lendo propaganda. Mas quem lê espera ler um título bom. Espera ler um texto que o faça mudar de opinião sobre o produto. Espera ouvir um diálogo bem escrito, que soe natural.
A maioria das pessoas está com a guarda alta, sim. Mas o texto eficiente desarma. E aí, nós temos uma chance, uma única e valiosíssima chance, para acertar o neguinho no queixo. Nessa hora, não dá pra pegar de raspão. Não dá para ser um titulinho qualquer. Tem que ser foda. Tem que botar o cara na lona.
Essa pequisa pode induzir a um segundo pensamento equivocado. Porque assim como a maioria da população não interpreta bem os textos, essa mesma maioria não lê determinados veículos. Portanto, o erro não é do redator que faz um título inteligente para a Carta Capital. É do cara que complica a vida da tiazinha que lê Ana Maria.
Então, fica a dica. Sempre dá simplificar com dignidade. É aceitável - e coerente - que, num veículo popular, a idéia seja menos criativa. Mas nunca menas criativa.
P.S.: Este post não tem imagens por motivos óbvios.
P.S. 2: Se você não entendeu os motivos óbvios, dirija-se ao grande grupo.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
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9 comentários:
eu atestei essa estatística quando dava aulinhas de windows e word para crianças, jovens, e terceira idade...
ninguém escapava: quando pedia pra escrever a palavra "texto" no bloco de notas, 95% dos alunos escreviam "testo"... daí eu pensava: vai dar trabalho...
e quando eu ditava as provas de avaliação, 83% escrevia "texte de windows"... querendo dizer, claro, teste...
quem não gosta de ler, não sabe escrever...
Let's.
Bah, Tiago. Sacanagem um texto desse tamanho sem figurinha.
Direção de arte é pra analfabeto.
É pra pular a parte "entendeu ou quer que eu desenhe?"
Hahahahahaha, muita calma. Direção de Arte é o contrário do que o Lucas disse, é pra poliglota. Tem que ler, interpretar e traduzir.
Quem não acredita é só abrir o Photoshop e ver alí...
Brush, Select, Burn, Liquify, Filter...
Se estou parado e vejo ao meu lado um 'E' vermelho dentro de um circulo tbm vermelho sendo cortado 45° por uma tarja vermelha em um fundo de cor branca. É certo que vou levar uma multa.
E mesmo sendo analfabetos, muitos DAs escrevem tão bem ou melhor que muitos redatores por ae...
plac! plac, plac, plac!!!
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