Blog da Perestroika

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Oscar póstumo.

Eu ainda não vi Batman. Li algumas críticas que falaram muito bem. O que eu sei é que a bilheteria da primeira semana foi foda. Talvez impulsionada por toda a campanha, que teve de tudo (até um ARG estratosférico) e criou uma mega expectativa.

Entretanto, a notícia que mais me impressionou é que está rolando uma pressão para que o Heath Ledger, que interpreta o Coringa, e foi dessa para melhor logo após as filmagens, leve o Oscar.



De novo, eu não vi o filme. Daqui a pouco, o cara merece mesmo a distinção da Academia. Mas convenhamos: interpretar o Coringa é um papel filé.

***

Eu sempre achei que existem os "papéis filé" e os "papéis briefing".

Por "papel filé", eu cosidero todo o tipo de personagem que, no roteiro, já dá pra ver que rende. Ele não necessariamente depende de uma boa interpretação para se destacar. Se o ator contribuir, melhor.

Nesses casos, me parece que o mérito está mais no roteirista que no próprio ator.

***

Dá até pra dividir em categorias de "papéis filé".

Tem a categoria Retardadadinhos, como Tom Hanks em 1995 e Dustin Hoffman em 1989.
Tem a categoria Nada Retardadinhos (Ou Superinteligentes), como Anthony Hopkins em 1992.
Tem a categoria Resmungões Espirituosos, como Al Pacino em 1993 e Jack Nicholson em 1998.
Tem a categoria Celebridades Excêntricas, tipo o Philip Seymour Hoffman em 2006.

E por aí vai.

***

Assim como a gente não julga da mesma forma uma campanha de varejo e uma campanha filantrópica, eu acho que a gente tem que ter cuidado para não cometer esse erro no cinema.

Eu acho do caralho quando o ator interpreta de forma genial uma pessoa com traços mais comuns. Mais um neguinho do dia-a-dia mesmo, sem afetações. Como o Adrien Brody, em 2003.

Tá, eu não estou dizendo que nenhum dos citados acima foi mal interpretado. Acho todos fodásticos (deles, o meu preferido é o Anthony Hopkins). Só acho que o fator filé vs. briefing tem que ser levado em conta. Especialmente, em premiações.

De qualquer forma, já me programei para, no fim de semana, tirar a prova.

14 comentários:

Anônimo disse...

Ele não vai ganhar só o Oscar, vai ganhar Cannes como viral. Certamente ele vai aparecer pra receber o Oscar revelando que toda onda da morte dele era um viral. A platéia se dividirá em vaias e aplausos e o resto do Oscar não terá nenhuma atenção.

Rech disse...

Também não vi o filme, mas imagino que, como na propaganda, de nada adianta um filezão se o cara não souber preparar.
O Coringa me parece um papel tão interessante quanto complicado.

Mas de certa forma eu concordo. Sempre pensei nesse tipo de coisa vendo os filmes do Johny Depp. Sem tirar qualquer mérito do cara, sempre me pareceu covardia fazer só papéis bizarros e malucos.

Talvez a excentricidade tenha mais poder para os atores, e para o público, porque tem mais de criação e menos de interpretação.

Rech disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bruno Pommer disse...

Tá, tudo bem.
Mas fazer o Coringa não é tão fácil, porque sempre tem uns filhos da puta tipo eu que que são muito fãs e avacalhariam o cara se não fosse bom pra caralho.
Fazer o Michael Cane (melhor nome com trocadilho infame do cinema) ficar com medo a ponto de perder a fala durante as gravações é FODA. Sério, o Ledger tá melhor até que o Nicholson.
Palavra de quem coleciona Batman desde os 11 anos e já viu o filme três vezes.

perestroika disse...

Que dúvida que tu era fã de Batman, Bruno. Hehehehe.

Foi o que eu falei: o cara deve ter detonado mesmo. Eu não falo deste caso específico. Falo mais dos papéis-filé do Tom Hanks mesmo, hehe.

Gabi Elias disse...

Papel filé e ator mais filé ainda. Quero ver de novo.

Pinky disse...

Gabi chutando balde. =p

Mas concordo com o Bruno. Pro Coringa virar uma merda foda não seria muito dificil. Eu sou um que n˜o curte nem um pouco o NIcholson como coringa. Acho que ele interpretou o Coringa do Tim Burton, dele, de quem fosse, menos o Coringa como ele realmente é. O papel é casaca, tanto que a história que contam é que os remédios que o Ledger tomava e que mataram ele era por contra da insônia e pesadelos causados pelo personagem.

Ah, não vi ainda também.

Marcelo Jung disse...

Concordo com o texto.

Às vezes é muito mais fácil fazer o papel do excêntrico, do imoral, do que o papel do certinho, o qualquer.

Mas não sei se isso se aplica ao filme The Dark Knight.

A atuação de Ledger tomou maiore proporções, obviamente, por causa da sua morte pós-filme.
Mas a interpretação dele é sensacional.
Ledger conseguiu algo muito difícil: reinventar um personagem.

O Coringa de Jack Nicholson era muito bacana, e igualmente muito bem interpretado.
Mas o Coringa de Ledger é completamente diferente.
E nessa interpretação, Ledger desaparece no personagem.
Ele é visceral, maníaco, doido.
Ele quer o caos, e somente o caos.

Muito da atuação dele, se deve é claro, ao roteiro, que é excelente.
Mas a interpretação dele está impecável. Você vai sair do cinema querendo ver mais do Coringa.

Eu não sei, talvez eu seja suspeito de dar opinião.
Mas achei o filme FODA. Um filme em que Batman é denso, profundo, existencial.

Batman Begins foi um novo início para o personagem.
The Dark Knight é o meio, o amadurecimento de Batman.
E, talvez, o próximo filme seja um novo passo para “entender” o homem morcego.

Uma coisa é certa: vale MUITO a pena ver este filme.

Abs, Marcelo.

Let's disse...

tava pensando isso hoje ainda mesmo... o roteiro é muito importante pra um bom ator se sair bem... como também o diretor tem que ter o feeling pra saber quem pode interpretar esse papel... é o famoso casting, que deveria ter sua categoria no oscar também...

Marcelo Quinan disse...

Dentro da categoria dos papéis de pessoas comuns muito bem representados eu indico o protagonista do filme "O banheiro do papa". Cara comum, genial, excelente interpretação.

[]'s

Anônimo disse...

Assisti os 2. O cavaleiro das Trevas e o primeiro Batman, do coringa do Jack Nickolson.

E digo, o magrão que morreu avacalhou. Foi muito fodão. Criou uma gama de expressões faciais e trejeitos que, sinceramente, não é qualquer ator que faz. Concordo que é um papel filé e que comparado a um papel briefing ele possa e talvez deva perder, mas o cara flambou, atirou o filé pra cima em chamas, matou no peito e chutou na trave bate-e-volta umas 5 vezes. Pra depois comer. Tirei o chapéu.

Vieira

Anônimo disse...

Acho que o fato de o personagem usar máscara permite muito mais. É que nem trabalhar fantasiado de Mickey na Disney.

Denzel Washington sempre interpreta Denzel Washington.

Anônimo disse...

O roteiro do the dark knight é simplesmente muito foda.
Toda a trama é conduzida de uma maneira que as 2h40min de filme passam praticamente desapercebidas, o ritmo nao cai, do começo ao fim... e, apesar de ja estar bastante influenciado por ter achado muuuuuito do caralho, concordo com toda essa corrente que esta se fazendo pro oscar postumo do ledger.
Caraca, a interpretação do cara me fez pensar seriamente que ele morreu por causa dos tétos que ele teve que entrar pra dar a vida a um cidadão quenem o coringa.
Tudo que se observa na personalidade de um maniaco, sociopata, excentrico e bla bla bla pode ser notado no personagem: tiques nervosos, o olhar maquiavélico, as ideias, os pensamentos... heath ledger virou o próprio coringa, personificou totalmente aquilo que era a intenção do 'briefing'.
Quem não viu não consegue ter uma ideia completa do que é, apenas pelos trailers, mas enfim, vejam porque é do caralho...
comprem a pipoca e o refri grande.

Anônimo disse...

A interpretação do Ledger foi muuuuuito foda... Ele conseguiu fazer o Coringa de um jeito tão diferente, tão autêntico, que o fato de ser um supervilão fica em segundo plano. Ele é um perigo real, dá medo, coisa que dificilmente a gente sente em filmes de super-herói. Claro que isso também é mérito do roteiro, da direção etc. E o personagem realmente é um filé. Mas o molho, o tempero e o corte são do Ledger.. hehe

Sobre a chance de levar o Oscar, é claro que conta muito o fato do cara ter morrido. Mas ano passado ele também concorreu com o personagem Ennis Del Mar, do Brockeback Montain, que foi outra aula de interpretação. Então, se levarem em conta o conjunto da obra e o fato de que é a última chance de premiar o trabalho do cara, acho que ele pode e merece ganhar...