Na segunda-feira, um dos professores do Gestão de Contas veio conversar comigo no intervalo.
- Tiago, me contaram uma coisa, não sei se é verdade.
- Manda.
- O Nizan comprou a Perestroika?
- (Risos) Não! Mas eu sei de onde saiu esse boato.
- Pois é. Uma pessoa lá onde eu trabalho me perguntou, e eu não soube responder. O que me deixou mais impressionado é que ela contou que a notícia veio pelo namorado.
- Isso nasceu de uma piada interna nossa com a turma do Criação 2. Nós sugerimos que tínhamos uma janta com o Nizan. Depois, eu escrevi um post no Blog Padrão Iogurte (Blog dos alunos), reforçando a brincadeira. Mas no final, todo mundo sacou que era piada.
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Passados alguns dias, eu e o Felipe anunciamos a nossa saída da Live e da DCS, para assumirmos a Perestroika.
Exatamente por causa do nosso histórico de pegadinha, muita gente demorou a acreditar.
Foi o preço de ter feito a piada do Nizan.
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Ontem, fizemos mais uma piada. Colocamos (e retiramos, você já vai entender por que) uma introdução no texto da Bibiana, nossa estagiária, que nos escreveu direto do Canadá.
Não, ela não está indo para o Canadá às nossas custas. Inclusive, quem prestou atenção, viu que em nenhum momento a gente disse isso com todas as letras.
O que acontece é que a Bibiana foi liberada, com menos de 2 meses de contrato, para ir para o Canadá. De certa forma, foi um presente, sim. Quantas empresas topariam esse acordo? Ainda mais porque ela saiu na parte mais crítica da história da Perestroika. Recém abrimos as inscrições de seis novas turmas.
Enquanto ela está lá, no bem bom, nós estamos nos fudendo aqui para deixar tudo em dia. É ou não é um arrego, hein, Bibi? :)
É claro que a maioria dos nossos alunos, o pessoal mais próximo, sacou a piada. Uma boa parte pode até ter ficado na dúvida. Mas no final, a gente sabia que tudo ia ficar bem.
Era mais uma tiração de sarro em cima do nosso problema. Sim, porque ficar sem estagiária, justo nesse perído, é uma fodelança sem tamanho.
Nós estávamos rindo de nós mesmos.
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Só que essa notícia da Bibi gerou um bafafá. Só o Rafa recebeu três ligações de gente perguntando se era verdade. A história, evidente, foi esclarecida. Mas um comentário nos deixou pensativos.
- Pô, vocês já estão picareteando.
E aí, ao ouvir isso, nós descobrimos que estávamos pagando um segundo preço. O preço da visibilidade.
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Talvez nem nós mesmos tivéssemos nos dado conta do crescimento da Perestroika.
Esse episódio me fez sentir como um adolescente. Que cresce e não se dá conta do próprio tamanho. Então vai batendo nas coisas, tropeçando nos móveis, e fica pensando que só ele é desastrado.
Foi quando eu me dei conta que é isso que rola com as empresas quando crescem.
Enquanto elas são pequenas, livres, tipo franco-atirador, elas fazem o que bem entendem. E ninguém da bola. Por isso que sai tanta coisa boa, tanta coisa nova, tanta irresponsabilidade elogiável.
No entanto, é só crescer um pouquinho que todos já ficam te julgando. Ficam te olhando de cima para baixo. Ficam procurando um defeito para dizer "bah, olha os caras, são uns picaretas!".
E aí, a Perestroika vai se engessando, vai se engessando, e vai virando um elefante branco, chato, insosso, morno e sem graça.
Se a gente começar a pensar muito nos outros, vamos acabar com os testes cego de cerveja na aula (isso realmente acontece), com a galera fuzilando bolinhas uns nos outros (isso realmente acontece), com um grupo de ufólogos falando da cidade perdida de Atlântida (isso realmente acontece) e anões de cueca desfilando pela sala (isso realmente acontece).
Será que, a partir de agora, a gente vai ter que medir todas as palavras e atitudes, porque tem muito mais gente olhando?
Será que o preço de crescer é ser um chapa branca?
Ainda não tenho essa resposta.
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Para mim, ser picareta é ser intelectualemente desonesto. É mentir para tirar vantagem. É querer que as pessoas acreditem nessa mentira porque é justamente isso que vai trazer benefícios.
É dizer que tem o que não tem. É dizer que faz o que não faz. É dizer que é bom onde não é.
Eu conheço muita empresa grande que se valeu de picaretagem para crescer. E conheço algumas que continuam picareteando até hoje, mesmo depois de grandes.
Sugerir, brincar, ironizar, fazer piada interna, rir de si mesmo, pra mim, não é ser picareta.
É evidente que a Perestroika não quer enganar ninguém. A gente não promete o que não pode cumprir. Inclusive, quem já nos procurou para fazer matrícula, sabe que a gente joga aberto. Eu mesmo já disse para várias pessoas. "Olha, não faz a Perestroika. Acho que não é bem o que tu está procurando". Principalmente quando vêm se matricular em busca de um bom portfólio. "Olha, se tu quer portfólio, faz a Escola de Criação da ESPM". Já gastei a voz repetindo essa frase.
Isso é ser picareta?
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Não estou dizendo que não aceleramos demais. Sei lá, ninguém é obrigado a acertar sempre. E sabendo que o nosso Blog tem MUITOS leitores novos, a gente deveria ter levado isso em conta. Então: a todos que entenderam mal, e se sentiram engrupidos por causa disso, as nossas sinceras desculpas.
Agora, um conselho aos novos leitores do Blog da Perestroika. Não levem tudo tão a sério. Esse aqui é um espaço que traz conteúdo, opiniões e muita coisa interessante.
Mas sempre vai levar a vida com bom humor. Porque o nosso jeito de pensar é assim.
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Quem acompanha o Blog há mais tempo sabe que, todo final de mês, nós elegemos "O funcionário do Mês". Mesmo que só tenhamos um. Uma piada bem com a nossa cara.
Fico pensando: será que isso também não pode gerar confusão?
Está cada vez mais difícil saber até onde dá pra brincar. Mas que a gente vai continuar sacaneando, ah, vai.
E agora, me dêem licença por favor. Acabei de ver que tem uma chamada não atendida do Nizan.
sexta-feira, 18 de julho de 2008
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10 comentários:
as vezes tenho a impressão que o mundo ficou sério demais, crítico demais, chato demais.
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Saúde, Mariana.
Até o Padrão Iogurte tá com visitantes novos, deixando comentários um tanto quanto "simpáticos", acompanhando tudo de perto...isso é exatamente pela visibilidade mencionada no post. E acho que por muita gente não saber direito o que acontece lá dentro, gera curiosidade, e pelos comentários de quem vivenciou tudo, gera uma certa inveja...
grrr...
"a inveja é uma merda."
Frase do João Derly (ou se você quiser, do Homem-Aranha):
" Grandes Poderes, Grandes Responsabilidades. "
Ah não, perder a naturalidade nunca, jamais! Esse drama vai rolar muitas vezes ainda, e o que eu digo vindo de uma empresa que também nasceu pequena e rapidamente conquistou coisas grandes é: mantenham firmes aos princípios que geraram tudo isso. Senão, vira outra coisa, e uma dia vocês vão se olhar no espelho e não vão curtir o que estão vendo. Esse dia NÃO PODE ACONTECER!
obrigado, carla :)
bj, márcio.
caras.
eu acho o que vocês fazem simplesmente do caralho.
na boa, eu nem comecei as aulas do Perestroika ainda mas leio o blog ha 6 meses e sei de muita coisa que acontece nas aulas por amigos meus que estão ai dentro. E É SIMPLESMENTE GENIAL. sem duvida nenhuma a nossa geração (vocês e nós) vai dominar o mundo facilmente, nao de uma forma picareta, PELO CONTRÁRIO, de uma forma naturalíssima, ninguem no MUNDO se diverte tanto quanto a gente fazendo o que a gente gosta. como o tiago disse no post " a gente ri de nós mesmos" isso nao tem explicação. só nao entende isso quem eh careta, limitado ou ultrapassado. e esses são os piores porque criam uma competição destrutiva onde o vencedor eh aquele que destroi o outro e nao que cria algo melhor do que o outro. se preocupa em ver o defeito do outro e nao em ver a qualidade e buscar em si aperfeiçoar tambem as suas qualidades para superar nesse aspecto e nao de forma desleal.
sinceramente, voces estao fazendo o certo, nao mudem por besteira, o crescimento tem seu tempo. e esse eh o tempo de voces. essa é a vez de voces, ajam como quiserem.
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